Aparecida (RV) - A 51ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil reuniu mais de
400 participantes, entre bispos, padres, religiosos, leigos e assessores, no Santuário
da Mãe Aparecida. Acontecimento anual de importância e significação, é oportunidade
para a Igreja Católica no Brasil avaliar sua fidelidade ao mandato de seu Senhor,
Cristo Ressuscitado: fazer de todos seus discípulos e discípulas. Também é momento
para a Igreja Católica refletir a realidade, a partir de seu compromisso com a vida
do povo, particularmente dos pobres.
Esse olhar que se dirige à vida sofrida
do povo pediu de nós, bispos, um posicionamento de solidariedade e defesa dos irmãos
e irmãs castigados pela maior seca que atinge a região do semiárido brasileiro nos
últimos 40 anos. São mais de 10 milhões de pessoas, em 1.236 municípios, segundo dados
da Secretaria da Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional. A sociedade brasileira
sabe que os bispos sempre estão atentos às consequências de ordem social, econômica,
moral e ética provocadas pela seca. A Igreja Católica, recentemente, em cooperação
também com vários movimentos sociais e sindicais, apresentou diretrizes para a convivência
com o semiárido. Junto com a população atingida pela seca, a Igreja propõe e reivindica
intervenções estruturais capazes de minimizar tal sofrimento.
Refletimos e
avançamos também na preparação de um documento para manifestar nosso posicionamento
no que se refere aos conflitos agrários. Em sua condição de servidora, a Igreja Católica
coloca-se ao lado dos sem-terra, pessoas submetidas ao trabalho escravo, quilombolas
e indígenas. Em comunhão com todos estes segmentos, questionamos o Projeto de Emenda
Constitucional 215, que transfere do Poder Executivo ao Congresso Nacional a demarcação,
titulação e homologação de terras indígenas e quilombolas.
Estes e outros assuntos
que integraram a exigente pauta da 51ª Assembleia Geral consolidam ainda mais o compromisso
da Igreja Católica com a vida do povo sofrido, em diálogo franco e direto com os construtores
da sociedade. A partir desse princípio, nós, bispos de Minas Gerais, durante a Assembleia,
manifestamos nossa preocupação relacionada à situação prisional de nosso Estado. Uma
realidade grave e triste, quando se considera o número de apenados, o tratamento a
eles oferecido em vista de sua recuperação, distanciamentos de suas famílias, com
agravamentos sérios, além das dificuldades criadas para o serviço voluntário e de
fé, prestado por nossos agentes da Pastoral Carcerária. Um trabalho humanitário que
encontra obstáculos que precisam ser superados com a intervenção e atuação de quem
pode fazê-lo. Também estamos atentos à tramitação do Projeto de Lei número 3.784\2013,
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que regulamenta o uso de espaços públicos
para cerimônias religiosas.
Enquanto avaliamos nossos muitos trabalhos desenvolvidos
em todo o Brasil, especialmente pelas comissões episcopais pastorais e organismos
da CNBB, detalhamos o tema central da Assembleia neste ano: comunidade de comunidades:
uma nova paróquia. Todos os bispos estão empenhados para que cresça a rede de comunidades,
sinal da nossa presença e serviço na vida do povo. Uma nova resposta que nasce do
vigor espiritual radicado na simplicidade e na verdade do Evangelho.
Importante
também é o caminho percorrido rumo à consolidação de um Diretório para a Comunicação
na Igreja do Brasil, buscando qualificar sempre o diálogo com a sociedade civil e,
também, atender a exigência de uma adequada política de comunicação no interior da
Igreja. O objetivo é avançar na preservação da cultura cristã brasileira, resguardando
sua consistência.
Os trabalhos realizados a partir da densa pauta da 51ª Assembleia
Geral da CNBB foram marcados, sobretudo, por um clima de fraternidade evangélica,
tempero determinante no caminho missionário. Rodeados pelo povo peregrino, sempre
presente no Santuário da Mãe Aparecida, nós bispos da Igreja, em cooperação, vivemos
uma Assembleia de riquezas neste caminho da fé.
Dom Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo
metropolitano de Belo Horizonte