Aparecida: Bispos debatem novamente o tema central
Aparecida
(RV) – Os participantes da 51 a assembleia geral da CNBB têm uma longa pauta
para esse que já é o sétimo dia de encontro. O Tema Central voltou a ser trazido
para o debate em plenário. Este ano, os bispos tratam do tema: “Comunidade de comunidades:
uma nova paróquia”.
Desde o segundo dia da reunião, na quinta-feira passada,
o trabalho de aprofundamento do tema tem sido feito regularmente. Este assunto deverá
ser remetido para as comunidades das dioceses de todo o Brasil depois que encerrar
a reflexão dos bispos para que sejam também enriquecido pela participação de todos
os membros da Igreja, isto é, o clero, os religiosos e os leigos. Sobre o tema central
eis o que nos disse Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil…
Dom
Sergio Castriani, arcebispo de Manaus (AM) e presidente da comissão que preparou o
texto do tema central desta assembleia confirmou que paróquia é a grande escola de
fé, oração, valores e costumes cristãos e que a experiência de cada pessoa nesse ambiente
dinâmico é muito importante: “a paróquia continua sendo uma referência importante
para o povo cristão, inclusive para os ‘não praticantes’, ela pode se tornar um farol
sempre mais luminoso, especialmente nestes tempos de incerteza e inseguranças”. Dom
Castriani destacou também que o episcopado está convencido de que é preciso
fazer uma renovação urgente nas paróquias. “As mudanças da realidade estão pedindo
uma nova organização e acreditamos que esta renovação está ligada à articulação de
pequenas comunidades capazes de estabelecer vínculos entre as pessoas que convivem
na mesma fé”.
O Ecumenismo e o diálogo inter-religioso foram outras temáticas
apresentadas aos bispos por meio do relatório da Comissão Episcopal Pastoral responsável
pelas atividades nesse campo. As iniciativas dessa natureza manifestam a abertura
da Igreja e compromisso de promover o diálogo e a unidade. O pluralismo religioso
dos tempos atuais é um dos maiores desafios da Igreja.
Dom Francisco
Biasin, bispo de Barra do Pirai-Volta Redonda (RJ) e presidente da comissão responsável
por essa área citou em uma entrevista concedida ao jornal Santuário: “Encontramos
uma pluralidade de manifestações de Deus dentro da própria revelação bíblica: ‘Muitas
vezes e de modos diversos falou Deus, outrora aos pais pelos profetas’ (Hb1,1)”. E
conclui: “Graças a Deus, aos poucos, nas culturas pós-modernas se aceitou o pluralismo
religioso pelo qual, dentro da mesma sociedade, as pessoas podem professar a sua fé
com liberdade e respeito das diferenças”.
Outros momentos da pauta de hoje
da assembleia: palavra da Comissão Episcopal para animação bíblico-catequética; orientações
para as Novas formas de Vida Religiosa e Comunidades; assessoria para a Vida Religiosa
– Monástica Contemplativa; encontros da Vida Monástica e Contemplativa; criação do
Regional do Tocantins e estudo de Documento sobre os Quilombolas. Para concluir
os trabalhos, no final da tarde, mais precisamente das 18:45 às 19:30hs, os bispos
participam de uma celebração ecumênica.
Na coletiva de hoje a presença do
Cardeal Cláudio Hummes , Arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão
Episcopal para a Amazônia; Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador (BA)
e Primaz do Brasil, e Dom Francisco Biasin, Bispo de Barra do Pirai-Volta Redonda
(RJ).
A luta para assegurar os direitos dos povos indígenas foi o tema ao
qual se dedicou a Santa Missa da 51ª Assembleia Geral da CNBB desta terça-feira, 16
de abril.
A Celebração Eucarística foi presidida pelo bispo de Roraima, Dom
Roque Paloschi, que destacou em sua homilia três palavras em homenagem aos povos indígenas:
gratidão, compromisso e memória. Dom Roque destacou que ao longo dos últimos 40 anos
o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) lutou pelos direitos dos povos indígenas
e suas causas.
O bispo de Roraima agradeceu ao bispo da Prelazia do Xingu (PA),
Dom Erwin Kräutler pelas constantes lutas em favor dos indígenas no Brasil.
“Apesar
de perseguido, Dom Erwin recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade
do Pará em gratidão pela sua luta em defesa dos povos indígenas e pela luta contra
construção da Usina de Belo Monte. Convivendo com os povos indígenas a Igreja está
sempre presente diante de suas causas”, afirmou.
O título é a maior comenda
que a universidade concede a alguém. Desde o início, Dom Erwin abraçou a causa dos
povos da Amazônia, envolvendo-se nas lutas concretas dos indígenas, ribeirinhos, operários,
e denunciando as injustiças cometidas contra pessoas e povos em situação vulnerável.
Dom
Roque afirmou também que esta luta alimenta a esperança de que um mundo mais justo
e destacou a exploração de muitos grupos políticos e econômicos que atacam e violam
os direitos indígenas. O bispo chamou atenção para a causa dos índios guaranis kaiowás
que estão em pequenas terras e sofrendo ataques.
“Este grito que sobe aos
céus não pode passar por nós sem deixar sua marca e nos comprometer. Isso também é
responsabilidade do Estado e precisa de uma solução”.
Dom Roque explicou que
Jesus multiplica os pães e chamou a atenção para onde está o pão da justiça e paz
para os povos indígenas.
“Qual o pão da vida que damos hoje aos povos indígenas?
Pois eu respondo que é a coragem profética de lutar por sua dignidade”, destacou.
Ao
final de sua reflexão, o bispo pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira
do Brasil pelas lutas e causas dos indígenas. Nós conversamos com Dom Roque…. (Silvonei
José)