O 'efeito Francisco' na Argentina, um mês após a eleição
Buenos Aires (RV) – Um mês após aquele memorável 13 de março, em que a Argentina
ficou pasma diante da ‘incrível notícia’ vinda da Praça São Pedro, o país lentamente
vai se habituando ao fato de que a Igreja Católica está sendo guiada pelo compatriota
Jorge Bergoglio.
O impacto da eleição do então Cardeal-arcebispo de Buenos
Aires à Cátedra de Pedro foi forte. Na capital Buenos Aires, a sua imagem está por
tudo: jornais, revistas, vitrines, livrarias, muros, out-doors, espaços televisivos.
Os cartórios, por sua vez, contabilizam um aumento dos registros de nomes como ‘
Francisco’ ou ‘Francisca’ dos recém nascidos.
No plano religioso, o ‘efeito
Papa’ mais imediato foi verificado nas Igrejas, onde houve um retorno significativo
de fiéis às missas e também às confissões. Muitos falam em uma ‘primavera da fé’,
que vem acompanhada de um aumento no turismo religioso, sobretudo na Páscoa. Neste
contexto, é aguardada com expectativa a confirmação de uma provável visita de Francisco
à Argentina em dezembro.
No plano político, o início do Pontificado foi ‘movimentado’,
devido a antigas polêmicas envolvendo dois jesuítas presos pela ditadura. Polêmicas
estas já esquecidas, também devido à interferência do Prêmio Nobel da Paz, Perez Esquivel
– que foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano - e de representantes das mães
da Praça de Maio.
O que também torna sempre ‘viva’ a presença de Bergoglio
no país são os seus eventuais telefonemas. Em qualquer parte da Argentina, toca o
telefone, normalmente na parte da manhã - devido à diferença no fuso horário. Quem
chama é o Papa Francisco, da Itália, querendo falar com amigos, religiosos, familiares,
autoridades, como por exemplo com sua irmã Elena ou com um sacerdote da Província
de Salta, que foi cumprimentado por ocasião do seu aniversário.
E a imaginação
é exercida com liberdade, também por parte de jornalistas. Em Buenos Aires se falou
de um ‘Papa Peronista”, ou então, um jornal que escreveu que Bergoglio exercita uma
liderança similar àquela exercida por Juan Domingos Perón, em função do compromisso
com os mais pobres e de sua sensibilidade e desejo de fazer as coisas, observações
estas que, segundo analistas, são ‘um tanto audazes’.