Dom Capovilla sobre os 50 anos da 'Pacem in Terris': "Papa Roncalli mostrou que a
paz não é utopia"
Cidade do Vaticano (RV) – Um “grande dia” para a Igreja e para toda a humanidade.
Assim, Dom Loris Capovilla definiu o 11 de abril de 1963, dia em que João XXIII assinou
a Pacem in Terris, a Encíclica que chamou toda a humanidade a empenhar-se em
favor da paz e à colaboração entre os povos. Dom Capovilla, que foi Secretário particular
do Papa Roncalli, recordou aos microfones da Rádio Vaticano o espírito com que nasce
a Encíclica:
Dom Capovilla: “Foi um grande dia para a Igreja Católica
e para toda a humanidade, porque foi o primeiro documento que – por inspiração do
Senhor – Papa João enviou, não somente aos Cardeais, Patriarcas, Arcebispos, Bispos,
mas, pela primeira vez, a todos os homens e mulheres de boa vontade! Pacem in Terris,
a última Encíclica de João XXIII é o extremo serviço e o extremo testemunho de um
pai que se dirige à família humana, convidando todos os homens a reconhecerem-se filhos
de Deus. Aquele ensinamento suscitou grande impressão e foi acolhido como o testamento
que o pai sábio e iluminado, destinava à família humana dilacerada por interesses
contrastantes e por aversões insensatas e às vezes implacáveis. Papa João disse nesta
Encíclica: “Deus Meu, antes de tudo tem o exemplo que eu sempre quis dar ao longo
da minha vida, baseado nas indicações de um pequeno livro da minha juventude, 'A Imitação
de Cristo'; o homem pacífico faz maior bem que o homem instruído”. Ele não se autodenominava
mestre, reformador, 'mágico solucionador' dos problemas decorrentes da dramática situação
no mundo, mas queria cumprir o seu primeiro dever de catequizar com amor, de caminhar
ao lado de todos os seus semelhantes que escutava e advertia. Promoveu, sem dúvida
alguma, uma ação capilar para apoiar, contra o instinto belicoso, a possibilidade
de paz. Dir-se-ia, a inevitabilidade da paz. Serão necessários anos, séculos se quiserem,
mas isto não tem importância, o tempo não é nosso! O importante é que nós não cultivamos
uma utopia, mas uma segurança, uma esperança; a esperança evangélica que um belo dia
os homens abolirão a violência e juntos colaborarão entre si! Penso a algumas expressões
do Pontificado do Papa Francisco: caminhar juntos, construir juntos e juntos confessarmos
a Onipotência, a misericórdia, a bondade e o amor de Deus”.
RV: Consciência
da liberdade, da colaboração, da fraternidade e da paz, que andam inevitavelmente
juntos...disto Papa João XXIII era lucidamente consciente....
Dom Capovilla:
“Um dos três sinais dos tempos assinalados na abertura da 'Encíclica é a inspiração
ardente de todos os povos, dos mais pequenos aos maiores, de todos, à colaboração,
à integração. O Papa mesmo, ao início do seu Pontificado, quando lhe perguntaram:
'Mas o senhor é italiano? Andou por toda a Itália, depois foi à Bulgária, Grécia,
França...o senhor viajou pela África setentrional, visitou toda a Europa. Onde se
sentiu melhor?' E ele respondeu:”Antes de tudo, na minha pequena cidade natal, de
agricultores, de trabalhadores da terra, mas depois, na minha vida, pois em qualquer
lugar que eu tenha colocado meus pés, pus também meu coração, porque todo o mundo
é a minha família!”.