Teólogo Fr. Susin em congresso sobre Novos Movimentos. Ouça!
Roma
(RV) - A Casa Bonus Pastor está sendo sede de um encontro internacional promovido
pela Conferência Episcopal Alemã. O motivo do encontro é o estudo, por parte de
pesquisadores, sociólogos e expoentes religiosos, dos Novos Movimentos em todo o mundo,
desde a África até a América. O programa Brasileiro foi até lá e se encontrou com
o Frei Luis Carlos Sussin, professor de teologia sistemática da PUC de Porto Alegre
que também pesquisa as motivações pelas quais as pessoas ingressam em novas formas
de Igreja. Frei Luiz Carlos Sussin explica a partir de onde está sendo analisado o
fenômeno:
“Nós temos multiplicado estudos para compreender melhor, porque
é um fenômeno que nos surpreende a partir não tanto dos pregadores, dos pastores,
dos líderes das diferentes formas de Igreja que temos no Brasil, mas pelo fervor,
pelo dom de si, pelo sacrifício e a vontade de acreditar dos fiéis: é um fenômeno
de religiosidade intensa. Evidentemente do ponto de vista das instituições, demonstra
fragilidade e ao mesmo tempo, manipulação; às vezes interpretações inadequadas: é
um caldeirão de coisas que precisam ser desdobradas para serem analisadas por partes”.
“De fato, o Brasil vem se tornando já tradicionalmente sincrético por
sua história, e o Pentecostalismo no Brasil está muito sensível a novas formas de
sincretismos. As pessoas se encontram ali porque geralmente conseguem interpretar
o que está acontecendo com elas... é o divã do povo, é o lugar de consolação, de fortalecimento”.
“A tentação às vezes é analisar só do lado do mercado que isto representa,
porque ali os pobres não vão para pedir ajudas, mas para oferecer seu dinheiro, que
é oferecer seu dom, seu sacrifício. Há uma questão antropológica, de religiosidade,
muito profunda nisso”.
“Há também o aspecto teatral que continua a ter
lugar nestas Igrejas. Há a questão ‘templo mercado e teatro’, e também um pouco de
hospital, de enfermaria, porque também é o espaço público paralelo ao espaço do Estado:
é um espaço onde as pessoas buscam recursos que poderíamos esperar que buscassem em
seus direitos de cidadania, na política, por exemplo. Na alma brasileira nunca houve
uma separação de Igreja e Estado, neste sentido. Por isso, temos hoje alguns problemas
políticos vindos deste Pentecostalismo, porque nesta sensibilidade nunca houve a separação
dos aspectos religião e política”.
“O que há de melhor aqui é vermos
este fenômeno em âmbito realmente global: nós nos convencemos daquilo que já líamos,
ou seja, que o fenômeno se registra em todos os continentes com matizes diferenciadas,
e inclusive, está acontecendo até fora do cristianismo: é um fenômeno de renovação
espiritual, de fervor religioso que acontece também em outras tradições religiosas.
É ligado ao movimento da história hoje, portanto é um sinal que precisa ser lido tanto
positivamente, como um sinal do Espírito, como também em suas patologias e deformações,
porque a religião é um ingrediente de muita energia. Esta energia pode ser muito construtiva,
mas se deixada ao acaso, pode se tornar destrutiva”. (CM)