Pastoral Carcerária: presídio do Carandiru não existe mais, mas problemas continuam
São Paulo (RV) – Foi adiado para a próxima semana o julgamento do massacre
do Carandiru.
O julgamento começaria nesta segunda-feira (8) no Fórum Criminal
da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), mas teve o início adiado para 15 de abril,
após uma jurada, com problemas de saúde, ser dispensada.
Trata-se do maior
julgamento de São Paulo em número de réus. Serão 26 policiais militares que vão a
Júri pela morte de 15 dos 111 detentos na Casa de Detenção do Carandiru. Apenas 8
dos policiais envolvidos continuam trabalhando no Polícia. Ao todo, são 39 policiais
acusados pelo homicídio de 111 presos. Para evitar que o julgamento fosse muito extenso
e cansativo para o Júri, a Justiça optou pela divisão do julgamento em 4 partes que
acontecerão de 3 em 3 meses ao longo do ano.
No dia 2 de outubro de 2012, o
massacre completou 20 anos e a demora para o início do julgamento, segundo especialistas,
favorece a impunidade e prejudica os réus.
Paralelo às decisões cabíveis à
Justiça, a Pastoral Carcerária e a Rede 2 de Outubro lembram que o presídio do Carandirú
já não existe mais, mas os problemas no sistema prisional continuam. Segundo dados
apresentados na nota oficial da Rede 2 de Outubro, a população prisional cresceu mais
de 400% desde 1992.
“O massacre do Carandiru marcou a história do sistema prisional
brasileiro mas em termos de número de mortes é menor do que o número de presos que
morreram no estado de São Paulo, em 1998, por exemplo. Geralmente, quem morre é pobre,
negro e está à margem da sociedade, vítima da desigualdade econômica do país. Infelizmente,
não vejo pauta de imprensa nenhuma cobrindo isso”, afirmou o coordenador nacional
da Pastoral Carcerária, Pe. Valdir Padre Valdir João Silveira.
Tanto a Pastoral
Carcerária, como a Rede 2 de Outubro, alertam para uma realidade que vem crescendo:
o aumento de mulheres presas. “Elas vão presas com pena de até 4 anos de prisão por
tentar o sustento dos filhos através do tráfico de drogas, mas depois da prisão da
mãe, nem sempre os filhos têm amparo do governo e o clico da violência acaba se repetindo”
acrescentou Pe. Valdir.
Para esses movimentos, o julgamento do massacre do
Carandiru deve servir, sobretudo, para abrir os olhos da população para a realidade
de um país cujo número de encarcerados só aumenta nos últimos anos.