2013-04-09 14:47:53

Pastoral Carcerária: presídio do Carandiru não existe mais, mas problemas continuam


São Paulo (RV) – Foi adiado para a próxima semana o julgamento do massacre do Carandiru.

O julgamento começaria nesta segunda-feira (8) no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), mas teve o início adiado para 15 de abril, após uma jurada, com problemas de saúde, ser dispensada.

Trata-se do maior julgamento de São Paulo em número de réus. Serão 26 policiais militares que vão a Júri pela morte de 15 dos 111 detentos na Casa de Detenção do Carandiru. Apenas 8 dos policiais envolvidos continuam trabalhando no Polícia. Ao todo, são 39 policiais acusados pelo homicídio de 111 presos. Para evitar que o julgamento fosse muito extenso e cansativo para o Júri, a Justiça optou pela divisão do julgamento em 4 partes que acontecerão de 3 em 3 meses ao longo do ano.

No dia 2 de outubro de 2012, o massacre completou 20 anos e a demora para o início do julgamento, segundo especialistas, favorece a impunidade e prejudica os réus.

Paralelo às decisões cabíveis à Justiça, a Pastoral Carcerária e a Rede 2 de Outubro lembram que o presídio do Carandirú já não existe mais, mas os problemas no sistema prisional continuam. Segundo dados apresentados na nota oficial da Rede 2 de Outubro, a população prisional cresceu mais de 400% desde 1992.

“O massacre do Carandiru marcou a história do sistema prisional brasileiro mas em termos de número de mortes é menor do que o número de presos que morreram no estado de São Paulo, em 1998, por exemplo. Geralmente, quem morre é pobre, negro e está à margem da sociedade, vítima da desigualdade econômica do país. Infelizmente, não vejo pauta de imprensa nenhuma cobrindo isso”, afirmou o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Pe. Valdir Padre Valdir João Silveira.

Tanto a Pastoral Carcerária, como a Rede 2 de Outubro, alertam para uma realidade que vem crescendo: o aumento de mulheres presas. “Elas vão presas com pena de até 4 anos de prisão por tentar o sustento dos filhos através do tráfico de drogas, mas depois da prisão da mãe, nem sempre os filhos têm amparo do governo e o clico da violência acaba se repetindo” acrescentou Pe. Valdir.

Para esses movimentos, o julgamento do massacre do Carandiru deve servir, sobretudo, para abrir os olhos da população para a realidade de um país cujo número de encarcerados só aumenta nos últimos anos.

(BF-A12)







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