"Papa Francisco, como pensa o novo Pontífice", é o livro com passagens da vida de
Bergoglio
Madrid (RV) – “Aos 17 anos, em 21 de setembro, dia de início da Primavera,
Bergoglio entrou em uma Igreja e se confessou. “Vi aproximar-se um sacerdote que não
conhecia e que ia a um confessionário. Arrastado por uma força que não sei explicar,
me aproximei e confessei. Quando me levantei, soube que ia ser um sacerdote”, disse
Bergoglio”.
Esta é uma das muitas histórias sobre Jorge Mario Bergoglio contadas
pelo jornalista argentino Armando Rubén Puente na obra “Papa Francisco, como pensa
o novo Pontífice”. O autor, que foi Presidente da Associação de Correspondentes de
Imprensa Estrangeira na Espanha, teve a colaboração dos jornalistas espanhóis Álex
Rosal e Carmelo López-Arias na elaboração do livro.
O jornalista, além dos
acontecimentos de que foi testemunha, também recolheu histórias sobre Bergoglio contadas
por paroquianos e amigos. Através da ‘Agencia de Información Católica de Argentina’
(AICA), o jornalista teve acesso a muitas informações, permitindo que a publicação
fosse enriquecida por trechos de homilias e discursos pronunciados por Bergoglio nos
últimos dez anos.
“O Papa Francisco foi um 'pároco de bairro', que não se contentava
somente em saber o nome de seus paroquianos, mas queria saber também o nome dos cães
e de outros mascotes que estes pudessem ter”, conta o jornalista, explicando a proximidade
de Bergoglio com os paroquianos. O Cardeal-arcebispo de Buenos Aires sempre foi um
homem acessível. Costumava atender pessoalmente às chamadas telefônicas dizendo: “Sou
o Pe. Bergoglio, o que você gostaria?”.
Jorge Bergoglio nasceu em 1936 no
Bairro de Flores, um dos mais populares da capital argentina. Ele é o mais velho de
cinco irmãos. Sua mãe ficou parcialmente paralítica ao dar à luz a Madalena, a última
filha e única irmã de Bergoglio que ainda vive. Em função disto, ele teve que aprender
a cozinhar e viveu muitos anos com sua avó.
Na sua casa não passou por necessidades,
porém, eles não tinham carro e nem condições de veranear. Até os 17 anos levou uma
vida normal como qualquer jovem. “Dançava tango – segundo o autor -, mesmo se preferisse
a milonga, jogava futebol e basquete, saía com os amigos e estudava". O San Lorenzo
de Almagro é o time de coração da família. Aos 21 anos, Beroglio ingressou no Seminário.
Os autores destacam no livro que Bergoglio fez tudo o que estava ao seu alcance,
nos anos 70, em favor dos perseguidos durante a ditadura militar. Ele conseguiu ajudar,
entre outros, os jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics, após um encontro com o
Almiurante Massera e o General Videla. Porém, não teve êxito no caso da neta do poeta
Juan Gelman.
Em 2001 foi nomeado Cardeal e, a partir de então, percorreu todas
as paróquias da diocese, sem nunca ter usado o carro oficial a ele destinado. Pontes
afirma no livro, que Bergoglio comia sozinho e não aceitava convites para banquetes,
exceção feita se o convite viesse de uma família humilde.
Francisco fala, além
do espanhol, italiano, francês e alemão. Gosta da poesia de Holderlin, da Divina Comédia
de Dante Alighieri e do romance italiano “Os noivos”, de Manzoni. Lê Dostoievisky
e conheceu pessoalmente Luis Carlos Borges, “um agnóstico que todas as noites rezava
o Pai Nosso porque havia prometido a sua mãe”, contou Bergoglio.
O livro também
conta as inquietudes e pensamentos sobre temas de atualidade do Papa Francisco. Ele
critica o 'capitalismo selvagem', assegurando que “o dinheiro também tem pátria e
aquele que explora uma indústria no país e leva o dinheiro para guardá-lo em outro
país está pecando”.(JE)