Aparecida (RV) - Está em pleno andamento a Assembléia Geral da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida. É tradição de longa data, depois da Páscoa,
os bispos todos do Brasil se reunirem em assembléia.
A possibilidade de
se encontrarem, durante dez dias, vindos de todos os recantos do país, já justifica
essa assembléia, independente dos assuntos a serem tratados.
Consolidar
a comunhão dos bispos entre si, partilhando momentos de convivência fraterna, de troca
de experiências, e de informações sobre a vida das dioceses, é sempre a finalidade
principal de sua assembléia, seja qual for a agenda.
Cada assembléia tem sua
característica, dependendo do contexto em se realiza. Desta vez a expectativa maior
é como situar a assembléia no novo contexto eclesial, decorrente das diversas surpresas
acontecidas neste início de ano, a começar pela renúncia de Bento 16, culminando com
a eleição do Papa Francisco.
Mesmo que nem façam parte da pauta, os comentários
a respeito do novo Papa serão, certamente, o assunto principal das conversas entre
os bispos.
Uma assembléia, portanto, muito marcada pelo novo clima, de diálogo
e de esperança, que o Papa Francisco suscitou de maneira tão insistente neste início
de seu pontificado.
Confirmada a presença do Papa no mês de julho, no Rio
de Janeiro, o fato se insere no contexto mais amplo da importância da Igreja da América
Latina. De fato a eleição de um cardeal latino americano, e sua primeira visita como
papa ao Brasil, colocam em evidência a perspectiva latino americana da Igreja Católica,
no momento histórico que estamos vivendo.
Este contexto repercute também na
CNBB. Se a Igreja, no mundo inteiro, “passa a palavra” para a América Latina, é claro
que a Igreja do Brasil é chamada a manifestar-se, através dos posicionamentos que
o pontificado do Papa Francisco irá certamente solicitar. Isto coloca para a CNBB
o desafio de identificar as contribuições válidas que a Igreja do Brasil está em condições
de oferecer, contanto que sejam bem dimensionadas.
O tema central desta 51ª
Assembléia se apresenta assim: “Comunidade de comunidades – uma nova Paróquia”.
Sejam
quais forem os enfoques que este tema pode comportar, é evidente a referência às “comunidades”,
que se constituíram na experiência eclesial mais válida e mais consistente que a Igreja
do Brasil vivenciou, no seu empenho de suscitar “comunidades eclesiais” autênticas,
bem inseridas na realidade, guiadas por valores evangélicos, fortalecidas pela Palavra
de Deus, e conscientes da comunhão eclesial a ser devidamente cultivada e manifestada.
A formação de comunidades eclesiais concretas, abertas à participação dos
seus membros, prontas a valorizar os ministros ordenados, foi a riqueza mais original,
produzida pelo esforço de renovação eclesial incentivado pelo Concílio.
De
certa maneira, a Igreja do Brasil, no seu empenho de aplicar o Concílio, refez a caminhada
da Igreja Primitiva, que teve nas comunidades o seu fruto melhor, resultante do testemunho
que davam do Senhor Ressuscitado.
Com o clima de confiança e de abertura, suscitado
pelo Papa Francisco, dá para sonhar que as riquezas da caminhada da Igreja Latino
Americana sejam agora olhadas com serenidade, e colocadas a serviço da ampla renovação
eclesial desencadeada pelo Concílio.