2013-04-06 13:03:42

João Paulo II e o genocídio de Ruanda: "A coragem do perdão e da fraternidade"


Cidade do Vaticano (RV) – Em 6 de abril de 1994, tinham início os dramáticos 100 dias do genocídio de Ruanda.

Situado no coração da África, no país foram massacradas sistematicamente de 800 mil a um milhão de pessoas – um dos episódios mais sangrentos da história do século XX.

O Pontífice na época, João Paulo II, fez sentir sua voz assim que o conflito eclodiu. Foram reiterados apelos, como no Regina Coeli de 8 de maio de 1994, quando pediu que se depusessem os ódios e as armas que já tanto sangue fizeram escorrer naquela região martirizada. “Ruanda e a África necessitam da paz” – exclamou na ocasião.

Uma semana depois, João Paulo II já usava a palavra “genocídio”:

“Sinto o dever de evocar as violências de que são vítimas as populações de Ruanda. Trata-se de um verdadeiro genocídio, do qual inclusive são responsáveis, infelizmente, alguns católicos. Dia após dia, estou solidário com este povo em agonia, e gostaria de falar à consciência de todos aqueles que planejam esses massacres e os executam. Eles estão levando o país para o abismo. Todos deverão responder por seus crimes diante da história e, antes de tudo, diante de Deus. Chega de sangue! Deus espera de todos os ruandeses, com a ajuda dos países amigos, um despertar moral: a coragem do perdão e da fraternidade.”

As causas que produziram essa barbárie são complexas, com raízes no período colonial belga – que incutiu na população as divergências de etnia entre tutsis e hutus.

Durante o massacre, a inércia da comunidade internacional fez com países ocidentais se tornassem coniventes. O veto dos Estados Unidos – que não reconhecia o genocídio (fato que ocorreu somente em junho, ou seja, dois meses depois) – impediu que a ONU interviesse. Vários países enviaram contingentes com a única finalidade de salvar os próprios cidadãos, como fez a Bélgica e a França.

Até agora, poucas pessoas foram punidas. Em 18 de dezembro de 2008, o Tribunal Internacional Especial instituído em Arusha, na Tanzânia, condenou à prisão perpétua o coronel Théoneste Bagosora, que em 1994 era o Ministro da Defesa ruandês e considerado o idealizador do massacre, o major Aloys Ntabakuze e o coronel Anatole Nsengiyumva.

(BF)







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