O pensamento do Cardeal Bergoglio sobre diversos temas, em livro nas bancas italianas
Roma (RV) – Nas bancas italianas, desde a última semana, o livro “O céu e a
terra” (Mondadori, 211 pág.), escrito na forma de um diálogo entre o então Cardeal
Bergoglio e o Rabino Abraham Skorka. Ao longo da conversa, Bergoglio revela seu pensamento
sobre temas diversos e algumas passagens de sua vida. A edição argentina é de 2010. Alguns
gestos feitos pelo Papa Francisco, como a visita ao Instituto para Menores Casal del
Marmo, na última Quinta-feira Santa, são melhor compreendidos e assumem maior significado
quando se lê o que escreveu o Cardeal Bergoglio quando era Arcebispo de Buenos Aires:
“Me dá desgosto visitar uma prisão, porque aquilo que se vê é muito duro, mas mesmo
assim eu vou, porque o Senhor deseja que eu me encontre com os necessitados, os pobres,
os sofredores”, escreveu Bergoglio. Sobre a eutanásia Bergoglio disse que no caso
dos doentes terminais “não somos obrigados a conservar a vida com métodos extraordinários”,
mas “Ai!...à eutanásia disfarçada, quando por falta de meios, o ancião não é assistido
como deve e é tratado como se fosse objeto de descarte”. Em relação ao comunismo
e capitalismo, o Cardeal Bergoglio disse que estão “ligados na sua perversão espiritual”
e “em ambos os sistemas, mesmo antagonistas, se pode encontrar a imagem do ópio”. A
questão do sacerdócio feminino, para o Cardeal Bergoglio: “a mulher tem uma outra
função, que se reflete na figura de Maria”, que assume uma posição crítica em relação
ao feminismo, pois “coloca as mulheres num nível de luta reivindicativa, mas elas
são muito mais do que isto”, no sentido de que tem um valor bem maior. Por fim,
no livro são encontrados prenúncios e indicações sobre os gestos do Papa nestes primeiros
dias de Pontificado. Ao fazer a escolha de uma Igreja para os pobres, escrevia Bergoglio
na época: “o compromisso deve ser num corpo a corpo”, devemos “estabelecer um contato
com os necessitados”, e também por este motivo os sacerdotes devem saber “andar no
barro”. “Hoje – contava o futuro Papa ao Rabino Skorka -, os padres não usam mais
a batina. Mas um sacerdote recém ordenado fazia isto e alguns párocos o criticavam
por isto. Então perguntei a um sábio sacerdote: Não é bom que se use a batina? E ele
respondeu: O problema não é se usa ou não a batina, mas se é capaz de tirá-la quando
deve fazê-lo, para trabalhar com os outros”. A recordação mais pessoal revelada
no diálogo com o Rabino é para explicar sua posição sobre o celibato sacerdotal: “Quando
eu era seminarista, fiquei deslumbrado com uma jovem que conheci no casamento de um
tio. Fiquei tocado pela sua beleza, pela sua perspicácia.....fiquei confuso por um
tempo, me tirou do ar”. Porém, depois deste período, ele tomou uma decisão: “Voltei
a escolher o caminho religioso” e observa: “eu sou favorável a manutenção do celibato
sacerdotal, com todos os prós e contras que comporta, pois são dez séculos de experiências,
mais positivas que de erros”. (JE)