Cidade do Vaticano (RV) – Era o ano de 1962. O mundo estava mergulhado na Guerra
Fria. Em 15 de outubro um avião espião norte-americano U-2 detecta a presença de mísseis
sendo posicionados em diversos locais da Ilha de Cuba. No dia 22, o presidente John
Kennedy faz um pronunciamento em cadeia de Rádio e televisão anunciando que navios
soviéticos se dirigiam à Ilha para armas com ogivas nucleares os mísseis existentes
na Ilha, a poucas dezenas de quilômetros da costa dos Estados Unidos. A tensão crescia
e o desencadear de um conflito nuclear era eminente. Foi então que o presidente
norte-americano se dirigiu a João XXIII pedindo a sua mediação entre a Casa Branca
e o Kremlim, acreditando que um apelo do Papa poderia resolver a crise. João XXIII,
profundamente sensibilizado pelo pedido, enviou uma carta aos presidentes da União
Soviética Nikita Krushev e dos Estados Unidos John Kennedy e lançou um apelo público
à paz, através dos microfones da Rádio Vaticano, Um apelo vibrante que tocou a consciência
de milhões de pessoas sem distinção de credo:
Papa João XXIII: “Paz!
Paz! Nós renovamos hoje esta solene súplica. Nós suplicamos a todos os governantes
a que não fiquem surdos a este grito da humanidade. Que façam tudo aquilo que está
ao seu alcance para salvarem a paz. Evitarão assim ao mundo os horrores de uma guerra,
da qual não se pode prever quais serão as terríveis consequências.”
A
crise dos mísseis de Cuba explodiu exatamente no período em que o mundo olha com renovada
esperança ao futuro graças ao início do Concílio Vaticano II: “No coração e também
no Magistério de João XXIII, o Concílio e a paz eram dois temas extremamente unidos.
A experiência dramática da crise de Cuba convence ainda mais João XXIII da
urgência de um renovado compromisso com a paz de todas as pessoas de boa vontade.
Desta consciência, nasce em abril de 1963 a Encíclica Pacem in terris, quase
um testamento espiritual de Angelo Roncalli. O Papa intervém pessoalmente na sua redação,
pois se tratava de algo novo, que era difícil exprimir e ele queria que fosse algo
claro para todos. João XXIII vem a falecer 2 dias após. Quem nos falou sobre João
XXIII como mediador da paz foi o Bispo de Campos Dom Roberto Paz: