A Experiência Pascal na ótica da juventude franciscana
Ipojuca/PE e Uberlândia/MG (RV) – A Juventude Franciscana, JUFRA, publicou
a sua mensagem para a Solenidade da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“É
com a força do Cristo Crucificado e Ressuscitado que queremos saudar a toda a Juventude
Franciscana do Brasil, desejosos de que esta nossa saudação chegue a cada jufrista
que dela faz parte.
Através desta mensagem, aliás, a primeira nossa, queremos
aqui manifestar o desejo de estar em comunhão com vocês para juntos refletirmos sobre
a Experiência Pascal. E, para isso, não podemos deixar de ver com um olhar de contemplação
e louvor este momento tão propício do Ano Litúrgico, aliás, essencial em nossa caminhada,
para que possamos com profundidade renovar a nossa fé no Deus da Vida e no Mistério
da Salvação.
“Ressuscitou!” (Lc 24,6). Esta é, meus queridos irmãos e irmãs,
a experiência dos que comeram e beberam com Ele depois da sua ressurreição (Atos 10,41),
e de todos os que se sentem renascidos “para a esperança viva, para a herança incorruptível”
(1Pe 1,3-4).
“Ressuscitou!” Este é o fundamento da nossa fé, a razão da nossa
esperança e o motivo da nossa caridade: “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa
pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,14). Sem esta experiência, a cruz de
Jesus e as nossas seriam uma tragédia e a vida cristã um absurdo. A partir dela, ao
contrário, podemos cantar com a liturgia: “Salve, ó cruz, nossa única esperança!”.
Eis aqui o núcleo central da nossa fé!
Celebrar a Páscoa de Cristo é celebrar
a nossa Páscoa e a nossa fé. E celebrar a nossa fé, por sua vez, é sempre um novo
convite a renovarmos a nossa identidade cristã. Conversando com diversos irmãos/ãs
de todas as partes deste nosso imenso Brasil, temos sempre percebido uma preocupação
por vezes bem comum: a de não perdermos de vista a nossa vocação cristã, com tudo
aquilo que ela implica – discipulado, missão, testemunho, serviço – e, por conseguinte,
a nossa própria missão enquanto JUFRA. Nos últimos anos temos sempre e de novo levantado
questionamentos acerca de como deve ser a nossa presença e missão na Igreja, na sociedade
e no mundo, já que nos propomos a abraçar e a viver o carisma franciscano, como jufristas,
considerando tudo aquilo que é próprio da nossa juventude e de nossa realidade humana.
Em
vista disso, gostaríamos de refletir junto a cada jufrista: Como podemos avaliar o
velho e o novo, em nossa caminhada de Igreja e de fraternidade? Como entender o que
foi feito e o que já não mais fazemos? Como considerar a caminhada de cada uma de
nossas Fraternidades de JUFRA, desde o seu surgimento, e ao mesmo tempo se lançar
para dar novos passos (necessários e urgentes), em busca de construir novos caminhos
e ousar novas formas de ser presença?
Creio que a volta constante à ‘experiência
fundante’ da JUFRA tem de ser o critério para julgar o velho e o novo: o que nos vem
dos inícios do Movimento e se constituiu a nossa identidade, e o que tem de ser recriado
e superado para que a JUFRA seja verdadeiramente um sinal de vida e de transformação,
e se torne significativa para os outros.
Chamamos a atenção de vocês para observarem
que a experiência de Deus que nós fazemos na JUFRA é uma experiência franciscana que
se insere numa experiência maior e mais abrangente: A EXPERIÊNCIA CRISTÃ. Foi essa
a experiência que Francisco de Assis fez: uma experiência cristã; e a fez tão profundamente
e tão radicalmente, que não teve como deixar de amar a sua Igreja e todos os que fazem
parte dela, apesar de todas as contradições da sua época, justamente porque acreditava
que podia fazer diferente, que podia fazer ‘evangelicamente’, estando inserido nela,
se posicionando dentro e a partir dela!
É essa a experiência que deve conduzir
o nosso processo constante de retorno ao nosso ideal, à nossa ‘experiência fundante’!
Temos
realmente se lançado nessa experiência? A nossa vida tem sido um testemunho autêntico
da pessoa de Jesus Cristo e da experiência que fazemos dele na nossa vida? O que ainda
nos falta para vivermos essa experiência com maior radicalidade e ousadia?
Seja
a celebração da Solenidade Pascal uma ocasião propícia para retomarmos todos estes
questionamentos em nossa vida, à luz do próprio Crucificado-Ressuscitado que se encarnou
de tal modo na história humana que fez do Projeto de Salvação do Pai o seu Projeto
de Vida. Seja o Projeto de Vida de Jesus o nosso! Sejam sua Encarnação e doação fonte
de inspiração para nossa caminhada, para retomarmos nosso compromisso de vivermos
também nós, de maneira encarnada, a serviço dos Crucificados de hoje!
Que nesta
Páscoa, à luz dessa experiência do Cristo que venceu a morte para nos dar a vida,
antes de celebrarmos a vitória de Cristo sobre a morte, possamos nos unir a tantos
irmãos que carregam a sua cruz e sofrem as dores da injustiça e da exclusão que o
sistema capitalista lhes impõe, sistema este que muitas vezes o legitimamos, por nossa
omissão e nossa falta de uma maior consciência crítica sobre a realidade que nos cerca,
sobre a sociedade em que vivemos!
Que à luz do Acontecimento Pascal, a Juventude
Franciscana renove e fortaleça, e faça nascer onde ainda não é visível, a sua missão
de ser um sinal de transformação, capaz de realizar na sociedade a Páscoa: a Passagem,
dos sinais de morte – individualismo, desigualdade, injustiça... – para os sinais
de vida – fraternidade, solidariedade, justiça, paz...
Que o Senhor Jesus Cristo,
que confiou a nós a Sua missão libertadora e salvadora, nos abençoe, nesta Páscoa
e sempre, nos concedendo a graça de, por mais um Ano Pascal, abraçarmos, como fraternidade,
esta Sua Missão”.
Feliz e abençoada Páscoa! Que o Senhor vos dê a Paz! Fraternalmente,
Frei
Wellington Buarque de Souza, OFM Assistente Espiritual Nacional para a JUFRA do
Brasil Mayara Ingrid Sousa Lima Secretária Fraterna Nacional da JUFRA do Brasil