Reflexão do Domingo de Páscoa de Pe. César Augusto
Cidade do Vaticano (RV) - Enquanto tudo é escuridão,
receio, silêncio, alguém, movido por grande amor rompe esse mundo das trevas e se
dirige para onde se encontra o sinal mais forte dos últimos acontecimentos, a fonte
dessa escuridão interior e desse silêncio: o túmulo que guarda o corpo de Jesus. Mas
esse alguém, uma mulher, apesar da grande dor que sente, mantêm seu coração iluminado.
Esse amor, essa luz lhe dá coragem paravencer o medo e a escuridão. Seu amor por Jesus
ilumina a noite. Tudo ao redor é trevas, menos no seu coração, o amor o ilumina! Ela
não consegue ficar longe do seu Senhor. Contudo ela não busca Jesus, mas seu corpo.
Quando chega ao sepulcro e o encontra vazio, a quietude e o silêncio acabam. A angústia
de Madalena termina com a quietude, com o silêncio e coloca todos em ação. Num primeiro
momento, ela sai correndo para pedir ajuda a Pedro e a João. Estes, contagiados pela
notícia do sepulcro vazio, correm para o local. A pesada pedra que fecha o sepulcro
está rolada, e ele aberto. A juventude de João o faz chegar mais rápido, mas sua
educação, respeito e delicadeza fazem-no esperar a chegada de Pedro, o mais velho
e o novo líder do grupo, para permitir que esse seja o primeiro a comprovar a ausência
do corpo. Essa cena nos leva a refletir sobre nossa postura perante o sofrimento
e a morte. Após três anos em contato íntimo com Jesus e ouvi-lo anunciar que iria
padecer muito, ser rejeitado e morrer crucificado; de ouvi-lo dizer que ressuscitaria,
quando chegou o momento da Paixão, seus amigos desapareceram, e morto e sepultado,
não aguardaram a ressurreição prometida. Madalena buscou o corpo morto de Jesus
e Pedro e João não saíram correndo para encontrar o Mestre, mas para verificar o ocorrido
e se surpreenderam com o que viram. Do mesmo modo quando a dor da morte nos invade,
nossa fé na ressurreição não nos impede de sofrer, isso é natural! O complicado é
quando a fragilidade de nossa fé é tão grande que sentimos e agimos como se a morte
tivesse a última palavra. Mas a atitude dos discípulos nos conforta e nos propõe uma
longa caminhada na fé. Vejamos como os discípulos entenderam a ressurreição do
Senhor. No versículo 8, já no finalzinho, está escrito que João, o Discípulo amado
entrou, “viu e creu.” O mesmo não é falado a respeito de Pedro. Pedro e Maria Madalena
representam aqueles que ainda não passaram da dúvida à fé. Reflitamos: o ver de
João é proporcionado pelo amor. Somente o amor possibilita ver nos sinais da ausência
do corpo a presença do Ressuscitado. O amor de João lê no túmulo vazio, no sudário
enrolado a parte, separado dos panos de linho que estavam dobrados, a ressurreição.
Pedro e João viram a mesma coisa, mas somente João, movido pelo amor, pode, já no
primeiro momento, compreender nos sinais, a ressurreição. Nesse momento entra em
ação a Escritura, ao entenderem que o ocorrido já estava previsto. Foi o amor que
conduziu o discípulo a acreditar e crer na Palavra, evidenciada pelos sinais. O coração
conduziu a fé a seu ponto máximo: a ressurreição de Jesus. A todos, uma Feliz e
Santa Páscoa, com abundantes frutos espirituais.