Fundação RLA investiga crimes ligados à terra no Brasil
Brasília (RV) - Entre os dias 1º e 4 de abril, uma delegação internacional
da Right Livelihood Award cobrará justiça e o esclarecimento de crimes contra integrantes
do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra e da Comissão Pastoral de Terra. Somente
em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%.
Em resposta
ao aumento dos casos de intimidação e violência contra ativistas sociais no Brasil,
a Fundação Right Livelihood Award (RLA) decidiu enviar uma delegação internacional
de reconhecidas personalidades à cidade de Marabá, no Pará, região norte do país.
Da
delegação participam dois agraciados com o Right Livelihood Award (também conhecido
como Prêmio Nobel Alternativo): Angie Zelter, representante da organização britânica
Trident Ploughshares (RLA 2001) e o biólogo argentino Raúl Montenegro (RLA 2004).
Também
compõe esta comitiva Marianne Andersson, integrante do Conselho Diretivo da Fundação
RLA e ex-membro do Parlamento sueco, que a respeito das razões de sua presença no
Brasil, afirmou: "A delegação chegará para expressar sua solidariedade aos ativistas
brasileiros, denunciar os crimes e ataques que estão sofrendo os lutadores sociais
nesse país e exigir a realização imediata da reforma agrária".
No dia 25 de
janeiro último, Cícero Guedes, líder do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), um dos maiores movimentos sociais do Brasil, foi assassinado a tiros, no Rio
de Janeiro, por pistoleiros ainda não identificados. Este assassinato é só um de um
número crescente de ataques contra ativistas brasileiros envolvidos na luta pela reforma
agrária. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) confirma que o número de ativistas ameaçados
no país aumentou de 125 para 347 entre 2010 e 2011, segundo o relatório Conflitos
no Campo Brasil. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou
177,6%.
A situação é particularmente grave no Pará, estado que, segundo o Relatório
de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), representa
40% da superfície total desmatada no Brasil, e tem as taxas mais altas do país tanto
de escravidão como de ameaças a defensores dos direitos humanos. A CPT revela que
12 dos 29 assassinatos de ativistas rurais brasileiros em 2011, ocorreram no estado.
O MST sustenta que o clima de impunidade ainda é muito forte na região.
Em
1991, a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra
receberam conjuntamente o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio Nobel
Alternativo) por seu trabalho incansável a favor da justiça social e do respeito aos
direitos humanos dos pequenos agricultores e camponeses sem terra do Brasil.
Como
parte da visita, a delegação da Fundação Right Livelihood Award participará de um
debate público sobre a impunidade da qual gozam os violadores dos direitos humanos.
A atividade será no dia 2 de abril, na Universidade do Estado de Pará (UEPA), em Marabá
(PA). Os representantes da Fundação integrarão, ainda, o Júri Popular, nos dias 3
e 4 de abril, do caso do assassinato do casal de extrativistas de Nova Ipixuna, José
Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em 2011.
A visita desta
delegação internacional ao Brasil é possível graças a uma doação que a Fundação Right
Livelihood Award recebeu especialmente para a proteção de seus agraciados. (CM-cpt)