Nigéria: confrontos entre etnias causam a morte de 23 pessoas
Abuja - Os confrontos entre diversas etnias deixaram 23 mortos na última semana
na região central da Nigéria, informou uma fonte militar à agência France Press, no
dia de ontem, quarta-feira. Essa é uma área de forte tensão por causa da divisão entre
cristãos e muçulmanos e dos conflitos interétnicos pela propriedade de terras.
A
explosão da violência se concentrou no Estado de Plateau, onde 11 membros do grupo
étnico fulani, de maioria muçulmana, e formado por nômades, foram assassinados por
integrantes da tribo dos ataka, majoritariamente cristãos. Segundo o porta-voz do
Exército nigeriano, tenente Jude Akpa, os fulani realizaram um ataque de represália.
“No dia 20, 11 fulanis foram assassinados e, no dia 21, houve 12 mortos entre os atakas”,
completou Akpa.
Os conflitos nesta região já deixaram mais de 4.000 mortos
desde 2001, de acordo com um relatório do International Crisis Group, elaborado em
2012. Os grupos étnicos cristãos se consideram nativos da região e acusam os nômades
muçulmanos de invadir suas terras, pelo norte, para se apropriarem de grandes extensões.
Como a política no Estado de Plateau é dominada por líderes cristãos, os grupos
fulani denunciam que têm seus direitos básicos negados, incluindo o de possuir sua
própria terra. A Constituição da Nigéria garante mais direitos aos grupos considerados
autóctones e, por isso, os cristãos em Plateau têm acesso a uma educação melhor e
a empregos no setor público.
Várias iniciativas foram implementadas nos últimos
anos para tentar pacificar a região, sem resultados até o momento. Em julho de 2012,
outra explosão de violência deixou cerca de 100 mortos. Os cristãos culparam os fulanis
armados pelo conflito. (SP-AFP)