Lava-pés: colocar-se a serviço de modo humilde, dos mais humildes
Cidade do Vaticano
(RV) - Na tarde desta Quinta-Feira Santa, Papa Francisco celebra a Santa Missa
da Ceia do Senhor no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo. Esta Missa é
caracterizada pelo rito do Lava-pés.
Celebrando no Instituto Penal para Menores,
Francisco dá assim continuidade a uma tradição que assumiu quando ainda sacerdote.
Em Buenos Aires, Bergoglio costumava celebrar esta Missa em prisões ou casas para
pobres e marginalizados.
Para uma reflexão sobre o significado deste gesto,
nós contatamos o Bispo responsável pela Pastoral Carcerária, Dom Pedro Luiz Stringhini,
Bispo de Mogi das Cruzes, em São Paulo:
A Semana Santa é um momento tão importante
na vida da Igreja, um momento tão importante para a vida dos cristãos católicos. É
um retiro espiritual, como se costuma dizer. Celebramos os principais mistérios das
passagens da vida do Cristo e o mistério da salvação: a paixão, a morte e a ressurreição
do Senhor – o tríduo pascal é assim a maior festa litúrgica da Igreja Católica durante
o ano.
Na Quinta-feira Santa, o Evangelho traz o texto do Lava-pés, ou seja,
no fundo é a Igreja querendo ensinar que quem entendeu o significado da eucaristia
deixado por Jesus, memorial da Páscoa, da Nova Aliança, quem celebra a eucaristia
tem que se colocar a serviço e a serviço de modo humilde, e a serviço dos humildes
e dos pequenos. E aí que entra a proclamação do Evangelho de João, capítulo 13, que
é o texto do lava-pés – esta passagem tão bonita de Jesus, que antes de entregar sua
vida quis realizar este gesto. Gesto simples, mas ao mesmo tempo tão contundente a
ponto de S. Pedro não entender. Ou seja, quem celebra a eucaristia tem que se colocar
a serviço, a serviço do mais humilde.
Este ano, a Festa da Páscoa coincide
com a chegada de Francisco. Este Papa que nos surpreendeu vindo da América Latina,
nos surpreendeu pelo nome que escolheu – é a primeira vez que um Papa se chama Francisco,
evocando a figura de S. Francisco de Assim, que mais do que ninguém foi o santo que
lavou mesmo os pés: ele foi abraçar o leproso, foi ao encontro dos mais pobres. Então
tudo coincide e mais ainda o fato de que o Papa Francisco escolheu lavar os pés de
jovens que estão privados da liberdade, em recuperação. Isso será um gesto muito profético.
Vamos aprender com tudo isso, vamos aprender com o gesto de Jesus, que se repete na
Igreja, e ao qual todos nós, cristãos, somos chamados a realizar e que o Papa Francisco
está evidenciando.
E quando se trata da situação dos presos, dentro daquele
espírito do Evangelho de Mateus, ‘estive preso e me visitaste’ – quando se fala desta
situação, estamos diante da situação social mais grave. Porque uma coisa é socorrermos
uma criança indefesa, todos nós gostamos de fazer isso, outra coisa é ir ao encontro
daqueles que um dia praticaram atos contra a sociedade e que vivem numa situação muito
precária, muito desafiadora.