Festa de São José na aldeia piscatória da Palmeira, ilha do Sal, Cabo Verde
Palmeira festejou o justo José, exemplo de fé madura No domingo 17 de Março a
comunidade de Palmeira acolheu as outras comunidades do Sal para honrar São José,
esposo da Virgem Maria e padroeiro da vila piscatória. A festa, no contexto do Ano
da Fé, aconteceu sob o lema paulino: “Não me envergonho, sei em quem acreditei” (2
Tm 1,12) Tudo começou com uma caminhada penitencial de cerca de duas horas onde,
entre cânticos, silêncio e reflexões, cerca de 400 pessoas peregrinaram de Espargos
até Palmeira. Foram o sentido da fraternidade cristã, da presença libertadora de Deus
na história dos pobres e da penitência quaresmal a animar este povo peregrino no deserto.
Todos irmanados rumo à mesma meta: aprender com S. José aquela fé que sabe questionar
a vida e a lei, que atravessa a crise do acreditar maduro, que adere silenciosamente
ao projeto de Deus apenas por amor: o amor da pessoa amada, Maria, renunciando ao
projeto pessoal, e o amor ao plano desconcertante de Deus, acolhendo Jesus. José ensina-nos
a alegria do acreditar e recorda-nos que só há felicidade plena na fidelidade total!
Na eucaristia, celebrada no adro da capela e animada pelo coro da comunidade,
as comunidades partilharam suas belezas e trabalho humano: as redes com peixe (Palmeira),
as flores frescas e coloridas (Murdeira), os pacotes de sal do vulcão (Pedra de Lume),
as tartarugas em vias de extinção (Santa Maria), a fruta e os legumes da terra (Espargos).
O ofertório foi um hino à diversidade e à riqueza que a comunidade encerra devido
às migrações internas. Foram lembrados os emigrantes que na diáspora honram Cabo Verde
e a Igreja. No final da eucaristia, graças à generosidade dos audazes pescadores,
aconteceu a tradicional procissão no mar com a imagem de S. José. Os pescadores com
oito botes decorados levaram ao mar o carpinteiro de Nazaré para os proteger na faina
do mar. No final, o sacerdote abençoou os pescadores e suas famílias, como também
todos os que trabalham naquele porto marítimo. Seguiu-se o canto de uma morna por
um artista da terra que cantou a vida e a fé do pescador, como homenagem da inteira
comunidade aos pais presentes. Foi homenageado o pai mais idoso da vila de Palmeira.
A Comissão da Festa ofereceu a toda a população, inclusos também turistas e estrangeiros
residentes, um almoço fraterno e popular. Almoço que foi fruto da campanha de angariação
de géneros alimentícios e outros apoios junto de benfeitores individuais e institucionais
do Sal. Durante a tarde cultural foram acontecendo no palco: teatro amador, danças
de crianças, mensagens aos pais, testemunhos sobre a família e muita música cabo-verdiana.
“Os justos florescerão como a palmeira” (Salmo 92, 13). A Festa deixou um desafio:
que o exemplo de S. José de Nazaré inspire todos os pais e esposos para que floresça
nas famílias do Sal: muito amor, fidelidade e paternidade responsável. R. Pedro,
ilha do Sal