Patriarca Caldeu sobre a eleição de Papa Francisco: esperança de uma verdadeira Primavera
Árabe
Bagdá (RV) – Para Mar Louis Raphael I Sako a escolha do Cardeal-arcebispo Jorge
Bergoglio para a Cátedra de Pedro foi 'uma surpresa', obra 'do Espírito Santo'. Os
anos de ditadura na Argentina , o diálogo com os muçulmanos e judeus de Buenos Aires
são fatos importantes, porque farão com que 'ele saiba encorajar as pessoas a não
deixar-se vencer pelo desespero e pelo desencorajamento”.
O Patriarca dos Caldeus
no Iraque declarou à Asianews, que a eleição do Papa Francisco 'é um evento muito
importante para a Igreja Caldéia, para os cristãos do Oriente Médio e para os países
que viveram a Primavera Árabe”, porque o seu testemunho 'saberá orientar-nos e guiar-nos
para fora do inverno, em direção à uma verdadeira Primavera Árabe”. Ele destacou que
as dificuldades atravessadas pelas nações sul-americanas no passado recente, entre
as quais as sanguinárias ditaduras militares, representam um fator positivo fundamental
na 'bagagem' do novo pontífice, pois ele saberá encorajar as pessoas a acreditar em
uma mudança'.
O purpurado caldeu destaca que a escolha foi 'uma surpresa',
quer 'pela idade como pelo país de proveniência', o que revela que a escolha foi fruto
do Espirito Santo que 'o quis à frente da Igreja para guiá-la neste período crítico
e difícil'. Ele ressaltou ainda o quanto todos foram tocados pela sua simplicidade,
pela sua bondade, pelo modo de falar 'direto ao coração' das pessoas. 'Ele não fala
com o papel – acrescenta – mas com o coração' e esta atitude 'marcou profundamente
também o nosso povo', afirmou Dom Sako.
“Sentimos ele muito próximo, pois ele
vem de uma realidade, da América Latina, que tem muitos problemas semelhantes aos
nossos: pobreza, crise, abuso por parte dos mais poderosos. Papa Francisco tem uma
profunda experiência dos valores de justiça, de paz, de liberdade e de dignidade humana
e por isto será próximo ao mundo árabe e aos cristãos destes países”, expressou o
Patriarca Caldeu.
Em relação ao Diálogo inter-religioso, Dom Sako recordou
os encontros promovidos pelo novo pontífice, entre judeus e muçulmanos, nos anos em
que guiou a Arquidiocese de Buenos Aires. 'É um homem de diálogo e de encontro – confirmou
-, que vai além dos dogmas e fala através da proximidade e da amizade”.
Dom
Sako ressaltou ainda a missão, tarefa fundamental de cada cristãos, já lançada pelo
primeiro Papa jesuíta da história. “Ele mostra bem a universalidade da Igreja Católica
que não está limitada a um país, a uma língua, a uma etnia. É aberta e mostra a sua
grandeza em servir o Evangelho”.
“Em nome dos cristãos iraquianos – conclui
o Patriarca Sako – asseguro ao Papa Francisco a nossa proximidade e a nossa fidelidade:
é o nosso pai, o nosso pastor e quando fala a todas as Igrejas do mundo, também a
menor, como a nossa no Iraque, se sente parte desta universalidade que é fonte de
confianças e esperança”.
O Patriarca Caldeu, entronizado em 6 de março último,
confirmou a participação da Missa de inauguração do Pontificado do papa Francisco
dia 19 de março, dia de São Jos. (JE)