Rio de Janeiro (RV) - Uma grande alegria para o mundo católico e também para
todas as religiões e povos que aguardavam para saber quem seria o novo líder da Igreja
Católica: o primeiro Papa latino-americano e também o primeiro jesuíta eleito a comandar
o novo presente e o futuro histórico da Igreja, o cardeal Jorge Mario Bergoglio é
eleito como o novo sucessor na cátedra de Pedro, assumindo como nome no seu pontificado
“Francisco”. Um Jesuíta franciscano. Um latino americano que se tornou cidadão universal. Recordo
um pequeno histórico de sua linha do tempo já publicada em inúmeros jornais em todo
o mundo: Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge
Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de
1936. Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo
titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo II em 20 de maio de
1992 onde foi ordenado no dia 27 de junho. A nomeação como arcebispo coadjutor
também foi feita por João Paulo II em 3 de junho de 1997 e em, 28 de fevereiro de
1998 Arcebispo de Buenos Aires. Foi criado Cardeal pelo mesmo papa, em 21 de fevereiro
de 2001. Bergoglio é o 266ª papa da história da Igreja Católica. Filho de
um casal de italianos –Mario e Regina Bergoglio –, o religioso jesuíta chegou a se
formar como técnico químico, mas logo abraçou o sacerdócio e começou seus estudos
religiosos no seminário de Villa Devoto, bairro da capital argentina. Estudou
teologia na faculdade de teologia do colégio de San José, em San Miguel de Tucumán,
cidade no norte da Argentina. Seu sacerdócio começou em 1969, mesmo ano em que foi
para Espanha completar sua formação intelectual de jovem sacerdote na universidade
Alcalá de Henares, em Madri. A partir de seu retorno à Argentina, em 1972, continuou
sua carreira apostólica no norte do país, na mesma San Miguel de Tucumán. Bergoglio
voltou à Europa em 1986, na Alemanha, para concluir seu doutorado, mas acabou retornando
ao seu país no mesmo ano para assumir o cargo de diretor espiritual e confessor da
Companhia de Jesus, em Córdoba. Seu retorno à cidade natal aconteceu em 1992, quando
foi nomeado por João Paulo II bispo de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Seu
retorno à cidade natal aconteceu em 1992, quando foi nomeado por João Paulo II bispo
de Auca e auxiliar de Buenos Aires. A Praça de São Pedro aguardava com uma multidão
de mais de 200 mil pessoas aglomeradas olhando para dois pontos: a chaminé que soltou
a fumaça branca, e nessa alegria todos viraram seus olhos em direção ao balcão onde
ele seria apresentado. Após pouco mais de uma hora de espera, o mundo conhece seu
novo líder: um Papa argentino, surpresa para os vaticanistas e repórteres que durante
tantos dias tinham feito tantos prognósticos. Saindo do eixo europeu, a Igreja se
mostra em diálogo aberto com o mundo apresentando um “Papa da América”. Diferentemente
daquilo que a imprensa divulgava, os cardeais, iluminados pelo Espírito Santo e penetrados
na oração e análise de conjuntura da Igreja e da vida social/política mundial, reunidos
no “verdadeiro” conclave mostraram as surpresas de Deus. De fato é obra de o Espírito
Santo agir sobre os cardeais para escolher alguém com o perfil que possa enfrentar
os antigos e novos desafios da Igreja Católica e das relações com todos os países
do mundo. Quando o cardeal diácono francês Jean Louis Tauran surge à janela e proclama
“Habemus Papam” (temos o Papa), os presentes em meio ao frio na Praça São Pedro e
os milhares de jornalistas enviavam para o mundo a curiosidade: quem será? Daí segue-se
o protocolo da leitura em latim anunciando o nome do eleito. Foi surpresa para o mundo
inteiro! Ao aparecer na janela foram muitas ovações aclamando o novo Papa. Durante
alguns segundos ele ficou fixo, como que pasmo ao ver toda aquela multidão vinda de
centenas de países. Logo se pronunciou e começou a mostrar seu sorriso contagiante
ao mundo. Foi muito simples em sua apresentação, usando a estola apenas na hora da
bênção, que ele mesmo tirou de seus ombros, entregando-a para os assistentes. Sua
cruz peitoral era muito simples e humilde. O gestual de humildade marcou a sua primeira
apresentação. Um gesto muito forte, que se acredita ser o primeiro na história:
antes de o novo Papa dar a bênção a Roma e ao mundo, ele mesmo inclina sua cabeça
e pede a oração dos fiéis para ele, para seu bispo, como disse. E depois surpreenderia
ainda mais o mundo com os gestos que se seguiram nos seguintes dias (ir de micro ônibus
com os cardeais, estar junto às refeições, pagar sua conta da hospedagem antes do
conclave, a simplicidade e espontaneidade em sua fala, o pedido aos irmãos argentinos
para doarem o dinheiro de uma possível viagem a Roma para os pobres, e tantos outros
sinais). Agora, o Papa Francisco não é apenas argentino e de sua querida Buenos
Aires, mas iniciou sua vida pública para o mundo: é cidadão universal! Lembrando também
o carinho em pedir para rezar na intenção do seu antecessor, o Papa Bento XVI. Aqui
no Brasil, como em todos os cantos do mundo, muitos se ajoelharam emocionados em frente
à televisão no momento de sua bênção. Profundo devoto de Nossa Senhora, como citou
em sua apresentação, logo no dia seguinte foi rezar diante do quadro de Nossa Senhora
na mais antiga Basílica dedicada a ela na cidade de Roma. Com certeza grandes sinais
são esperados e acontecerão pela sua oração aos pés de Maria, pedindo sua intercessão
durante seu pontificado. Caríssimo leitor, se você viu algumas fotos nas redes
sociais deve lembrar-se de uma ave que pousou na chaminé tradicional de anúncio da
fumaça branca. Pois, no passado os pombos pousavam sobre os ombros e os braços de
São Francisco de Assis. Desta vez ela pousou anunciando um novo Francisco para a humanidade,
nosso Papa. "Francisco, vai e restaura minha Igreja". Um belo sinal que o mundo acompanhou
por todas as redfes de televisão. A pomba chegou antes da fumaça branca, e, como num
prenúncio, pousou sobre a chaminé, depois pulou para o telhado, e ali ficou durante
horas! O Papa Francisco é um homem preparado por Deus para assumir o trono de
Pedro. Vê-se claramente que é um papa da alegria e da humildade, e anuncia um caminho
novo em seu primeiro discurso na exortação à continuidade para a construção da paz
e da fraternidade. Depois, na missa com os Cardeis recordou três pontos que podem
prenunciar o caminho que percorrerá: caminhar na presença do Senhor, edificar a Igreja,
esposa de Cristo e Confessar Jesus Cristo crucificado como Senhor. Na Argentina
era muito próximo aos pobres. Combatia a fome e a miséria. Sofreu muita perseguição
de quem não gostava de suas ideias, discursos, do amor aos pobres e trabalhadores
num período de crise econômica. Em Buenos Aires, antes de ser bispo, foi Superior
Provincial dos Jesuítas e Professor de Teologia. Uma das características do carisma
jesuíta é a educação: “fazer os outros pensarem para não se tornarem escravos”. A
espiritualidade herdada de Santo Inácio de Loyola e a pobreza franciscana irão iluminá-lo.
Portanto, estamos à frente de um homem muito culto e que saberá ler os sinais dos
tempos. Saberá fazer com que o Evangelho possa ser compreendido no contexto de cada
cultura. Homem que vivia num humilde quartinho, uma edícula aos fundos da catedral
de Buenos Aires. Fazia sua própria comida e demais serviços da casa e se deslocava
com os meios públicos. Eis quem Deus, pela ação do Espírito Santo na mente e coração
dos Cardeais em conclave deu à Igreja como Pastor e Mestre para nos confirmar na fé
e nos conduzir com a barca de Pedro. Que as primeiras marcas da humildade do Papa
Francisco sejam orientadoras nos novos caminhos e desafios que a Igreja enfrenta.
Com certeza a Jornada Mundial da Juventude 2013, no Rio de Janeiro, o acolherá com
um olhar ao rosto humilde de Cristo. Como bom “jesuíta franciscano” fará lembrar aos
jovens a alegria do seguimento do Senhor. Seja bem-vindo Papa Francisco, estamos
esperando-o com união e fraternidade!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ