Oito anos atrás, a missa "pro eligendo" presidida pelo Card. Ratzinger
Cidade do Vaticano (RV) – Quase oito anos atrás, na Basílica Vaticana, celebrou-se
a mesma missa “Pro eligendo Pontifice” que foi presidida esta manhã pelo Cardeal Angelo
Sodano. Naquela ocasião, o Decano do Colégio Cardinalício era o então Card. Joseph
Ratzinger.
O futuro Papa iniciou sua homilia falando de “hora de grande responsabilidade”.
Comentando as leituras do dia, o Cardeal alemão aplicou na atualidade as palavras
de São Paulo sobre fé “madura” e fé “infantil”:
Quantos ventos de doutrina
conhecemos nestes últimos decénios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do
pensamento... A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada
por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à
libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do
agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas e realiza-se
quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao
erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado
como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar "aqui e além
por qualquer vento de doutrina", aparece como a única atitude à altura dos tempos
hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como
definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.
Os católicos, afirmou o então Decano, tem outra medida: o Filho de Deus,
o verdadeiro homem. É ele a medida do verdadeiro humanismo. "Adulta" não é uma fé
que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente
radicada na amizade com Cristo. É esta amizade que nos abre a tudo o que é bom e nos
dá o critério para discernir entre verdadeiro e falso, entre engano e verdade. Devemos
amadurecer esta fé, para esta fé devemos guiar o rebanho de Cristo.
O Cardeal
Ratzinger concluiu pedindo ao Senhor um pastor que guiasse os católicos ao conhecimento
de Cristo:
O nosso ministério é um dom de Cristo aos homens, para construir
o seu corpo o mundo novo. Vivamos o nosso ministério assim, como dom de Cristo aos
homens! Mas nesta hora, sobretudo, peçamos com insistência ao Senhor, para que depois
do grande dom do Papa João Paulo II, nos ofereça um pastor segundo o seu coração,
um pastor que nos guie ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à verdadeira alegria.