Imame de Al-Azhar diz que conflitos tem causa política e social e não religiosa
Cairo (RV) – Os contínuos ataques contra minorias religiosas e os casos de
prisão por presumíveis blasfêmias contra o Alcorão e conversões de muçulmanos ao cristianismo,
deixam transparecer um conflito religioso entre cristãos e muçulmanos egípcios. Porém,
contra esta visão, se manifestou nos dias passados o grande Imame da Universidade
Islâmica de Al-Azhar, Ahmed al-Tayeb. Durante o encontro inter-religioso ‘Al-Azhar's
Family House', al-Tayed enfatizou que “os conflitos ocorridos são sobretudo fruto
de conflitos políticos e sociais e não religiosos. Islamismo e cristianismo são duas
religiões de amor, de paz e de perdão que não tem nada a ver com extremismo”, afirmou. Para
enfrentar os casos de fanatismo religioso, o Imame propôs aos representantes das Igrejas
Copto-ortodoxa, Católica e Protestante uma série de encontros no Cairo intitulados
'Juntos pelo Egito’. No encontro realizado no ultimo 6 de março, o grande Imame al-Tayeb
declarou ter falado com líderes salafitas que teriam confirmado o seu compromisso
em evitar novos conflitos inter-religiosos. Apesar disto, ameaças contra minorias
cristãs continuam a ser realizadas através rádio, televisão e sites. Recentemente
causou inquietação a proposta do professor de Al-Azhar, Mahmoud Shu'ban, conhecido
por suas posições radicais, de querer obrigar os cristãos coptas e todos os membros
de outras religiões a pagar a 'jizya', um imposto pago durante séculos por nao-islâmicos,
a Califas e Sultões. Com a taxa, os coptas estariam pagando por sua proteção e deixariam
de ser perseguidos. Após a queda de Mubarak, em 2010, ocorreram dezenas de episódios
de violência contra os cristãos, a maior parte provocados por grupos salafitas ou
por muçulmanos insuflados por líderes religiosos locais. O último caso ocorreu
na semana passada em Kom Ombo, na província de Aswan, devido a uma suposta conversão
forçada de uma jovem muçulmana. Instigados por Imames locais, um grupo de jovens muçulmanos
atacou moradias de cristãos coptas, incendiando uma igreja e diversas edificações.
(JE)