Rio de Janeiro (RV) - Começou quarta-feira, 6 de março, na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o debate “A Renúncia do Papa e a Igreja”. O
encontro, promovido pelo Departamento de Teologia da PUC e pela Cátedra Joseph Ratzinger
conta com a presença do Arcebispo Dom Orani João Tempesta. Publicamos abaixo entrevista
com o diretor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, Padre Leonardo Agostini sobre
o evento.
Por que o Departamento de Teologia decidiu realizar um debate sobre
a renúncia do Papa? Padre Agostini – A renúncia de Bento XVI foi uma surpresa,
comoveu e causou um forte impacto dentro e fora da Igreja Católica. Este fato suscitou
muitas interrogações, especulações e tem gerado muitas dúvidas. A cobertura massiva
da mídia nacional e internacional comprova a importância do ato realizado pelo nosso
querido Bento XVI. A sua renúncia atraiu, também, a atenção para a nossa arquidiocese,
que se prepara para a Jornada Mundial da Juventude, a se realizar em julho deste ano.
Qual
a sua análise sobre os erros noticiados na imprensa? Padre Agostini – A mídia,
de um modo geral, continua buscando especular, a fim de que a notícia continue “quente”,
criando e rendendo polêmicas. Se, por um lado, o Santo Padre afirmou os motivos que
o levaram a tomar tão difícil decisão, por outro lado, parece que a mídia não se contentou
com tais motivos, e precisa ‘cavucar’, a fim de oferecer as suas diferentes versões
do fato. De uma hora para outra, muitos se tornaram especialistas no que diz respeito
à pessoa do Papa e ao futuro da Igreja Católica. É curioso, mas quando o Papa ou um
bispo se pronunciam sobre questões de fé e de moral, muitos cerram os ouvidos. Neste
momento, porém, muitos querem dar palpites sobre o Papa e a Igreja Católica.
Qual
a importância de uma reflexão profunda sobre esse momento único? Padre Agostini
– É um momento histórico da Igreja Católica! É um momento que clama por uma profunda
comunhão eclesial, mais do que pelos apelos de renovação eclesial! Esta virá, com
certeza, como fruto dessa comunhão! As profundas implicações do gesto de Bento XVI
exigirão que a reflexão não seja feita somente no calor da declaração e das especulações
midiáticas, mas será preciso acompanhar, sem temor e com renovada confiança, os fatos
que se sucederão, isto é, continuar a acompanhar o sopro restaurador do Espírito Santo.
Acredito que, no mundo todo, os católicos estão sendo chamados a uma revisão de vida
no que diz respeito à sua identidade cristã católica e missão evangelizadora no mundo,
que vive uma profunda mudança de época.
Enquanto a Boa Nova de Jesus não for,
de fato, a regra da vida cristã católica, continuaremos a expor a Igreja, Corpo Místico
de Cristo, ao escândalo e ao vitupério de oportunistas dentro e fora dela. Consola-nos,
enfim, uma certeza: “… tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela” (Mt 16,18). (Testemunho de Fé-CM)