Venezuela de luto pela morte de Hugo Chavez, também muito sentida em Portugal (Domingos
Pinto)
O Presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, morreu nesta terça-feira, com 58 anos, na sequência de complicações após
a quarta operação ao cancro, anunciou o vice-presidente Nicolás Maduro. “Morreu o
Presidente comandante Hugo Chávez. A toda a sua família transmitimos a nossa dor e
a nossa solidariedade”, disse Maduro, num depoimento emocionado. “É uma tragédia histórica
aquela que hoje toca a nossa pátria. Apelamos a todos os nossos compatriotas a serem
os vigilantes da paz, do amor e da tranquilidade da pátria. Queridos compatriotas,
muita coragem, temos que crescer por cima desta dor”, afirmou.
Nicolás Maduro,
designado pelo próprio Chávez como seu sucessor, mobilizou as Forças Armadas e a polícia
para "proteger a paz do povo venezuelano". Os chefes militares, por sua vez, já se
afirmaram fiéis a Maduro, que deverá disputar as eleições presidenciais com o líder
da oposição, Henrique Capriles, que perdeu a disputa eleitoral com Chávez em Outubro.
Sondagens recentes davam a vitória a Maduro. O funeral de Chávez vai realizar-se
sexta-feira, na Academia Militar da Venezuela, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros,
Elías Jaua. O Governo decretou sete dias de luto nacional.
Assim que foi conhecida
a notícia da morte do homem que liderou a Venezuela durante 14 anos, as ruas de Caracas
foram-se enchendo de gente. Fotografias e vídeos da agência Reuters mostram venezuelanos
na rua a chorar, abraçados e a agitar bandeiras. Hugo Chávez era Presidente da
Venezuela desde 1999 e ganhou todas as eleições em que participou desde então. Foi
reeleito em Outubro para mais um mandato de seis anos, mas não chegou a tomar posse.
A constituição prevê que a Presidência seja assumida interinamente pelo presidente
do Parlamento, Diosdado Cabello, que tem de convocar eleições no prazo de um mês.
Mas Elías Jaua anunciou que será Nicolás Maduro a assumir interinamente o cargo de
Presidente, convocando eleições nos 30 dias previstos constitucionalmente.
Há
muito que se especulava sobre o estado de saúde do líder venezuelano, numa batalha
mediática que parece não ter fim. Horas antes de comunicar a morte de Chávez, Nicolás
Maduro tinha anunciado a expulsão de um diplomata dos Estados Unidos da América, acusado
de conspiração para propagar rumores sobre a morte de Chávez e de ter tentado contactar
antigos militares, afectos ao regime anterior à revolução chavista. Maduro acusou
ainda os "inimigos" da revolução de terem provocado o cancro do Presidente venezuelano.