"Tempo quaresmal" - Editorial do Padre Federico Lombardi
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"O caminho
da Igreja nestas últimas semanas do Pontificado do Papa Bento XVI, até à eleição do
novo Papa, através da "Sede Vacante" e do Conclave, é muito absorvente, dada a novidade
da situação. Não devemos trazer - e disto nos alegramos – a dor pela morte de um Papa
amado, mas não nos é poupada uma outra prova, a saber, a multiplicação das pressões
e considerações alheias ao espírito com que a Igreja gostaria de viver este tempo
de expectativa e de preparação.
Não falta, de facto, quem tente tirar proveito
do momento de surpresa e desorientação dos espíritos fracos para semear confusão e
desacreditar a Igreja e o seu governo, recorrendo a instrumentos antigos - como a
difamação, a desinformação e por vezes a própria calúnia - ou exercendo pressões inaceitáveis
para condicionar o exercício do dever de voto por parte de um outro membro do Colégio
dos Cardeais, considerado indesejável por uma razão ou outra. Na maior parte dos
casos, quem se coloca como juiz, exprimindo pesados juízos morais, não tem de facto
nenhuma autoridade para fazê-lo. Quem tem em mente antes de tudo dinheiro, sexo e
poder, e está habituado a ler com estes padrões as diferentes realidades, não é capaz
de ver coisa diferente mesmo na Igreja, porque o seu olhar não sabe dirigir-se para
o alto ou descer em profundidade para colher as dimensões e as motivações espirituais
da existência. O resultado é uma descrição profundamente injusta da Igreja e de tantos
homens seus.
Mas tudo isso não mudará a atitude dos crentes, não afectará a
fé e a esperança com que olham para o Senhor que prometeu acompanhar a sua Igreja.
Nós queremos, segundo quanto indica a tradição e a lei da Igreja, que este seja um
momento de reflexão sincera sobre as expectativas espirituais do mundo e sobre a fidelidade
da Igreja ao Evangelho, de oração para a assistência do Espírito, de proximidade ao
Colégio dos Cardeais que se prepara ao difícil serviço de discernimento e escolha
que lhe é solicitado e pelo qual principalmente existe. Nisto acompanha-nos antes
de tudo o exemplo e a rectidão espiritual do Papa Bento XVI, que quis dedicar à oração
do início da Quaresma esta última parte do seu pontificado. Um caminho penitencial
de conversão rumo à alegria da Páscoa. Assim o estamos a viver e o viveremos: conversão
e esperança."