2013-02-23 16:02:19

Superar divisões, carreirismos e ciúmes - disse o cardeal Ravasi nos Exercícios Espirituais para o Papa e Curia Romana


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O amor fraterno esteve no centro da meditação oferecida ontem à tarde pelo Cardeal Ravasi ao Papa e à Cúria Romana. É o breve Salmo 133, um hino à alegria comunitária, que inspira o Purpurado na última meditação dedicada ao Saltério: "Como é bom, como é agradável viverem os irmãos em unidade".

"Santo Agostinho comenta este salmo e faz dele o lema ideal das comunidades religiosas. Portanto, idealmente deveria ser também um lema para a nossa comunidade, a comunidade que trabalha na Santa Sé".
Uma exortação para reencontrar a unidade e a caridade, superando aquelas "realidades próprias da criatura humana”, que são as divisões, discórdias, carreirismos, ciúmes.

"Bento XVI recordou-nos muitas vezes este tema que nos toca de uma forma particular. Estas palavras - 'divisões', 'contendas', 'carreirismos"," ciúmes"- são parte da experiência, do peso e da fadiga do estarmos juntos. Quantas vezes sentimos mesmo - temos de confessá-lo - o veneno do ciúme e da inveja que começa a introduzir-se em relação a uma outra pessoa. E também esta última, se for sensível, percebe ser o objecto de tais sentimentos".
O purpurado declina o amor fraterno através dos números da simbologia bíblica. Da espiral cega de violência e ódio exemplificada pela sede de vingança de Lamek, descendente de Caim disposto a vingar-se 77 vezes pela ofensa recebida, ao extremo oposto do perdão cristão. Jesus convida Pedro a perdoar até 70 vezes 7 o irmão que peca contra ele. Da lei de talião, justiça distributiva do "olho por olho, dente por dente" ao mandamento de Cristo "Ama o teu próximo como a ti mesmo", que leva para a superação da justiça pura e simples.

"O Senhor é misericordioso e compassivo, lento para a ira e cheio de amor e fidelidade. Mantém o seu amor por mil gerações, perdoando a culpa, a transgressão e o pecado, mas não deixa sem punição, castigando o pecado dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. O perdão de Deus não tem limites.

O Cardeal Ravasi conclui as meditações sobre o amor fraterno confiando na imagem do Jordão:

"Existe um aforismo judaico que eu acho que pode ser uma bela conclusão da nossa reflexão sobre a caridade, sobre o amor. Diz assim: a Terra Santa é marcada por dois lagos, o primeiro é o de Tiberíades que recebe e dá água ao Jordâo; o segundo, pelo contrário, só recebe, acumula e não dá nada: por isso se chama Mar Morto ".








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