Cidade do Vaticano (RV) - "Não se
sabe ainda a data de início do Conclave. Será estabelecida pela Congregação dos cardeais
no período de Sé Vacante. Não há ninguém neste momento no Vaticano que possa dizer
quando começará o Conclave", foi o que disse nos dias passados o Diretor da Sala de
Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, conversando com os jornalistas. Grande
o fermento no mundo da mídia para saber quando terá início o processo de escolha do
novo Sumo Pontífice. Todos querendo um lugar nos arredores da Praça São Pedro para
poder melhor divulgar, levar ao mundo, mais um momento da história da Igreja Católica.
Mas nesse momento de afã, de ânsia por notícias relativas ao Conclave, e ao futuro
Papa – são as mais diversas as hipóteses apresentadas nos jornais e televisões – alguém
que escolheu deixar o trono de Pedro, continua a sua vida como antes, marcada pela
oração e discrição. O fato de Bento XVI ter anunciado a sua renúncia poucos dias antes
do início dos tradicionais exercícios espirituais que ele participa junto com membros
da Cúria Romana, no Vaticano, nos dá até mesmo a idéia, de que ele queria esfriar
as conversas de corredores que certamente surgiriam – como de fato ocorreu - em todas
as partes do mundo sobre o seu ato de generosidade para com a Igreja, e se dedicar
à oração, a um momento de maior intimidade com aquele que tudo pode; um momento em
que, longe das necessidades midiáticas pudesse se colocar diante do Senhor e parar,
refletir, quase como para ganhar novo oxigênio a ser consumado ainda mais em prol
da Igreja que tanto ama. Bento XVI nos ensina assim também a prioridade de pararmos
para refletir, para rezar, para buscar novas forças e recomeçar, quem sabe, em outra
situação. Dá-nos mais uma vez uma indicação de homem de Deus que tudo coloca em suas
mãos, que deposita nelas não só o seu presente e futuro, mas também o destino da Igreja
e de seus membros. Enquanto a mídia procura escavar nos porquês de sua renúncia, fazendo
ilações de todos os tipos, Bento XVI sai do mundo e se detém diante de Deus, em oração.
Ele que sempre esteve longe dos refletores e usava os meios somente para por em evidência
a Palavra agora é foco da atenção. Um paradoxo que certamente preferiria evitar. Dia
28 de fevereiro, às 20 horas locais, se conclui o pontificado de Bento XVI, um pontificado
relativamente curto em espaço de tempo, mas repleto de conteúdo, que certamente a
história saberá digerir ao longo dos anos. O homem da oração e da reflexão agora deixa
esse mundo do visual, do espetáculo, de frenesi, para entrar, no seu mundo feito de
oração e contemplação. (Silvonei José)