Núncio do Líbano a Bento XVI: "continue a rezar e interceder pelos cristãos no Oriente
Médio"
Cidade do Vaticano (RV) - O Líbano recebeu com estupor, mas também com estima
e respeito a notícia da renúncia de Bento XVI. O País dos Cedros acolheu o Santo Padre
em setembro de 2012, naquela que foi sua última viagem apostólica internacional.
A
Rádio Vaticano conversou com o Núncio no Líbano, Dom Gabriele Caccia:
Dom
Gabriele: “Quando vivemos aqueles dias fantásticos e inesquecíveis da presença
do Santo Padre no Líbano, nenhum de nós poderia ter pensado a uma decisão assim, como
escutamos nos dias passados. Mas num certo sentido, tudo isto torna ainda mais preciosas
as palavras e o presente que o Santo Padre nos deu, o presente da Exortação Apostólica,
que será visto como um testamento para esta região do mundo. As suas palavras, em
todos os níveis, a nível institucional, com o Presidente da República, com os homens
empenhados nas instituições e os centros da cultura, no serviço diplomático, os discursos
inesquecíveis cheios de entusiasmo com os jovens, o encontro com as realidades da
Igreja, das Igrejas do Oriente Médio, com os Patriarcas, os Bispos, com os irmãos
cristãos mas não católicos, com os muçulmanos, os encontros pessoais com os chefes
muçulmanos que vivem aqui e com o mundo muçulmano. Tudo isto adquire um valor ainda
mais importante e quase profético. O futuro da Igreja encontra sempre a sua possibilidade
nas raízes da Igreja e o Oriente Médio é o lugar onde tudo nasceu. Então, é também
uma responsabilidade para todos nós para viver à altura da mensagem que o Papa Bento
XVI nos deixou e sobre os caminhos que ele nos indiciou para os próximos anos”. RV:
Que coisa gostaria de dizer, através da Rádio Vaticano, ao Papa Bento XV? Dom
Gabriele: “Gostaria de repetir as palavras que tive a oportunidade de dizer
saudando-o aqui na Nunciatura. Antes de tudo, um grande agradecimento pela sua generosidade
em responder ao chamado do Senhor, pela disposição com a qual enfrentou o peso do
ministério petrino, pela coragem que guiou todas as suas escolhas, mesmo aquela de
visitar uma região como a nossa, com guerras e violências. E também, gostaria de repetir
ao Santo Padre: sinta-se reconfortado no seu ministério porque o senhor pode ver o
quanto as pessoas o estimam, o amam e sobretudo quanto se reza por ele. É significativo
para mim que o último encontro fora do programa, antes de chegar ao aeroporto, tenha
sido justamente uma parada em um mosteiro de vida de clausura, contemplativo, junto
às carmelitas de Harissa. Foi um momento de grande emoção e de grande fé. E gostaria
de dizer ao Santo Padre que a partir de agora terá uma vida parecida com esta, num
lugar de oração, num clima de recolhimento. Nós sabemos como é importante tudo isto
e por isto queremos dizer ao Santo Padre: nós, na oração, estaremos sempre unidos,
o acompanharemos sempre, mas também pedimos que o senhor continue a interceder pela
paz e a rezar por todos nós, em modo particular pelos cristãos do Oriente Médio, que
tanto o amam e que tanto apreciaram a sua última viagem”. (JE)