2013-02-21 11:49:57

Bento XVI e a "Deus caritas est", a primeira das três encíclicas de seu Pontificado


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Cidade do Vaticano (RV) - Na série de especiais destes dias dedicada ao Pontificado de Bento XVI reservamos espaço a uma das heranças mais significativas do alto Magistério de uma Papa, ou seja, suas Cartas encíclicas.

Em seus quase oito anos de Pontificado, Bento XVI presenteou-nos três belíssimas encíclicas: Deus caritas est, Spe salvi e Caritas in veritate.

Na edição de hoje nos dedicaremos à primeira delas. E considerando o tempo de que dispomos, o faremos de modo breve, a título de apresentação, em linhas gerais. Naturalmente, ao lançar um olhar sobre cada uma delas nosso objetivo subjacente é convidar você, amigo ouvinte, a ir à fonte, à leitura de cada encíclica em questão.

Pois bem, a Deus caritas est (Deus é amor), foi publicada em 25 de dezembro de 2005, à distância de apenas 8 meses do início do Pontificado de Bento XVI.

Trata-se de um texto breve que apresenta, verdadeiramente, a “essência” do Cristianismo. O Papa procura apresentar uma “fórmula sintética da existência cristã”: Deus é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a “opção fundamental” da sua vida.

O texto é estruturado em duas partes. A primeira, mais teórica, unifica os conceitos de eros (amor entre homem e mulher) e agape (a caridade, o amor que se doa ao outro); na segunda, centraliza-se na ação caritativa da Igreja, que se apresenta como mais do que uma mera forma de “assistência social”, mas como uma parte essencial da sua natureza.

Bento XVI apresenta à Igreja o que considera essencial sobre a fé cristã, aquilo que muitos dão por adquirido, mas que tantas vezes esquecem. Apresenta o horizonte do Cristianismo, o programa de Jesus: amar a Deus e amar o próximo.

A temática do amor é urgente, é eterna, está na origem do homem e espera-o no fim do seu caminho. Tudo isto é dito pelo Papa, com uma linguagem onde ressalta a sua sólida formação teológica, filosófica e cultural, com citações de outros Papas, do Magistério da Igreja, de filósofos da antiguidade e modernos, de escritores clássicos.

Bento XVI procura responder às perguntas mais profundas da humanidade sobre a sua existência e o seu destino, lembrando que, no final dos tempos, será o amor o critério definitivo para decidir sobre “o valor ou a inutilidade de uma vida”.

Como reconhece o Papa, “num mundo em que ao nome de Deus se associa, às vezes, a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência”, falar de Deus como amor “é uma mensagem de grande atualidade e de significado muito concreto”.

Deus é apresentado, nesta encíclica, como “Criador do Céu e da Terra”, “fonte originária de todo o ser”, “Deus de todos os homens”, como Deus que “é amor que perdoa” e se apaixona pelo seu Povo, apontando-lhe o caminho do “verdadeiro humanismo”.

A encíclica parte de uma citação da I Carta de São João: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16). Hoje, como lembra o Papa, o amor é utilizado por tudo e por nada, o que faz com que, na maioria dos casos, estejamos na presença de caricaturas e não do verdadeiro amor. “O termo «amor» tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes”, constata.

Por isso, defende no seu documento que é preciso voltar à origem, “ao amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros”.

O Cristianismo, escreve o Papa, nasce do encontro com um acontecimento, “com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, um rumo decisivo”. Não há, aí, nada de abstrato e é por isso que Bento XVI dedica a segunda parte da sua encíclica ao que denomina “A prática do amor pela Igreja, enquanto «comunidade de amor»”.

A encíclica deixa claro que esta ação não é uma mera assistência social, um “serviço meramente técnico de distribuição” ou uma forma de ativismo político-ideológico.

“Toda a atividade da Igreja é manifestação dum amor que procura o bem integral do homem”, lê-se.

Para o Papa, a atenção para com os mais necessitados é uma resposta ao amor que vem Deus e exprime uma dimensão fundamental da Igreja, “um dos seus âmbitos essenciais”, tão intrínseco à sua natureza como a própria celebração dos Sacramentos ou o anúncio do Evangelho.

Nenhuma destas dimensões pode estar separada uma da outra, como sublinha o Papa: Se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser « piedoso » e cumprir os meus « deveres religiosos », então definha também a relação com Deus.

A união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os outros aos quais Ele Se entrega. (Ecclesia/RL)







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