Cidade do Vaticano (RV) – A Câmara Apostólica, organismo da Santa Sé que remonta
pelo menos ao século XI, vai passar a ser o centro do governo da Igreja Católica após
o final do Pontificado de Bento XVI, no dia 28 de fevereiro. A instituição é liderada
pelo Cardeal camerlengo, Dom Tarcisio Bertone, que é o atual Secretário de Estado
do Vaticano, e tem funções de presidência durante a Sé vacante, período entre o fim
de um pontificado e a eleição de um novo Papa. O Diretor da Sala de Imprensa vaticana,
Padre Federico Lombardi, adiantou na última semana que é a Câmara Apostólica que tem
analisado as questões relacionadas com o tratamento a dar a Bento XVI após o final
do pontificado ou mesmo a possibilidade de antecipar o início do Conclave.
Dois
dias após ter apresentado a sua renúncia, o Papa nomeou Dom Giuseppe Sciacca, Secretário-geral
do governo do Estado do Vaticano, como auditor geral, uma espécie de conselheiro jurídico,
da Câmara Apostólica. A constituição ‘Universi Dominici Gregis’, assinada por João
Paulo II em 1996, sublinha as responsabilidades do camerlengo, que encarrega de selar
o escritório e o quarto do Papa após o final do pontificado, bem como de inutilizar
(‘anular’) o anel do pescador e o selo de chumbo do pontífice.
Compete ao
camerlengo, durante o período de Sé vacante, “cuidar e administrar os bens e os direitos
temporais da Santa Sé, com o auxílio dos três cardeais assistentes, precedido - uma
vez para as questões menos importantes, e todas as vezes para as mais graves - do
voto do Colégio dos cardeais”. Esta comissão tem de providenciar ao “conveniente alojamento”
dos cardeais eleitores na Domus Sanctae Marthae (os quartos são atribuídos por sorteio),
situada no Vaticano, à preparação da Capela Sistina, onde decorre a eleição, e à seleção
de “dois eclesiásticos de íntegra doutrina, sabedoria e autoridade moral” para a apresentação
de “meditações sobre os problemas da Igreja”. Aos mesmos responsáveis compete estabelecer
o “dia e hora para o início das operações de voto”. (SP-ECCLESIA)