Cidade do Vaticano (RV) - O ‘L´Osservatore Romano’ publicou o artigo “A Escolha
do Papa”, sobre a repercussão do anúncio da renúncia de Bento XVI na imprensa internacional.
“Considero
muito sábia a decisão do Papa Bento XVI em renunciar”, disse o historiador inglês
Paul Johnson, 85, numa entrevista a Giulio Meotti, publicada no ‘Il Foglio’, em 19
de fevereiro, “decisão em sintonia com a formação intelectual de Joseph Ratzinger.
Não vejo nenhum sinal de fraqueza na escolha de deixar o cargo ou de irrelevância
do cristianismo na vida pública contemporânea”.
Assumindo que “Todos temos
necessidade do Papa, mesmo aqueles leigos que jamais confessariam isto”, Johnson indica
também o que, na sua opinião, foi uma característica do papado de Ratzinger, “a tensão
entre cristianismo e mundo moderno. O ser humano não é uma criatura inteiramente secular,
tem necessidades seculares, mas tem necessidade de muito mais do que isto para viver,
e neste ponto o papel da Igreja é muito importante. Amo muitíssimo Ratzinger – acrescentou
-, que mostrou que a razão tem uma dimensão espiritual, como a imaginação, que para
mim permanece como a característica humana mais importante. É a imaginação que nos
convence de que fomos criados à imagem de Deus”.
O historiador de Manchester
conclui, detendo-se sobre o relativismo moral, “o pecado capital do século XX, a razão
pela qual foi uma época tão desesperadamente infeliz e destrutiva na história do homem.
Por esta razão, todas as forças da sociedade moderna foram contra o Papa Ratzinger”,
afirmou.
Uma análise de Bento XVI também foi feita por Russell Shaw, na última
edição do jornal estadunidense ‘Our Sunday Visitor’. “Poucas pessoas nos tempos modernos
influenciaram a Igreja Católica tão profundamente como fez Bento XVI – escreve Shaw.
Como teólogo durante o Concílio Vaticano II entre 1962 e 1965; como Prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, de 1981 a 2005; e especialmente como líder espiritual mundial
dos católicos desde 2005 até sua renúncia, anunciada em 11 de fevereiro. Bento XVI
– prossegue Sahw – poderia ter sido o primeiro working theologian desde que
São Gregório, o grande, ocupou o papado. Se as idéias têm conseqüências, ele foi uma
das figuras mais verdadeiramente autênticas do seu tempo, capaz de moldar a ordem
do dia do debate público, dentro e fora da Igreja”. (JE)