Cidade do Vaticano
(RV) – A Arquidiocese de Olinda e Recife recorda hoje Dom Hélder Câmara, que se
estivesse vivo completaria esta quinta-feira 104 anos.
Uma Missa será celebrada
na Igreja de Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras, na Boa Vista, lugar onde Dom
Hélder escolheu viver e morrer.
Para falar de alguns traços marcantes de sua
personalidade, a Rádio Vaticano contatou o Professor Luiz Carlos Luz Marques, da Universidade
Católica de Pernambuco:
Lendo sobre Dom Hélder, percebe-se que ele tinha
uma sensibilidade muito grande. Uma questão era a dignidade das mulheres. No caso
do Concílio, ele pensava especialmente na dignidade das religiosas. Outra coisa, claro,
os pobres, a centralidade dos pobres: essa percepção dele de que dois terços da humanidade
vivia abaixo da linha da pobreza, justamente nos países ditos “cristãos”. Outra questão
com a qual ele se preocupava muito era com a paz, a não-violência. Naqueles anos da
crise de Cuba, depois a morte de Kennedy, de Martin Luther King, nesses momentos Dom
Hélder refletia muito sobre a necessidade de construir relações de paz, de respeito.
Era um homem sempre preocupado com a pessoa do outro, era sem dúvida um personalista.
Talvez a característica mais importante dele é que Dom Hélder era um líder, mas era
capaz de trabalhar em equipe. Ele valorizava extremamente as ideias, a liberdade,
o âmbito de trabalho de cada um. Numa época em que a Igreja era um pouco mais misógina
do que hoje, ele trabalhava muito bem com as mulheres. As equipes dele estavam sempre
cheias de mulheres e elas não eram só secretárias. Dom Hélder é unanimidade. Todo
mundo se apaixona por ele, um homem que conseguia tocar o coração. E ele tinha esta
percepção, que nem todo mundo compreendia, de que primeiro era preciso tocar o coração
das pessoas para depois conversar sobre as coisas que nos dividem para ver se podemos
trabalhar juntos. Um homem corajoso.