2013-02-06 14:00:06

Devemos sentir o bater do coração dos jovens - o Cardeal Ravasi acerca da Assembleia Plenária do Cons.Pontifício da Cultura


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O Conselho Pontifício da Cultura inicia hoje, dia 6, a sua Assembleia Plenária, dedicada este ano às "Culturas Juvenis Emergentes". Em programa um percurso aprofundado sobre a vida dos jovens, o seu tipo de funcionamento, formas de relação, objectivos, cultura, esperanças e linguagens. A começar , desde logo, pela primeira conferência apresentada pelo Presidente deste dicastério Cardeal Gianfranco Ravasi subordinada ao tema: "Do universo ao multi-verso, análise das culturas juvenis". Com este evento o Conselho Pontifício da Cultura pretende estimular a Igreja a uma nova e mais atenta escuta dos jovens de hoje. O Cardeal Ravasi esclareceu aos microfones da Radio Vaticano os temas e objectivos desta Assembleia Plenária:


R.- Propus algumas perguntas aos jovens. Coloquei-as na Internet. Tive uma avalanche de respostas, de reações. Os nossos interlocutores não são somente os jornalistas - ou seja, os mediadores da comunicação –, mas também os jovens o são. E eles deixaram de ser leitores de jornais e já nem vêem televisão: são jovens que utilizam, sobretudo, a linguagem virtual. E esse diálogo que foi construído tem – a meu ver – um grande relevo, sobretudo para nós, pastores. Porque nos faz entender que muitas vezes a importância que nós damos a alguns temas não é a mesma partilhada por eles. Portanto, de certo modo devemos ouvir mais as interrogações deles.

Porém, devo dizer e reconhecer que a cultura juvenil, o fenómeno, diria, social juvenil, não é fácil de decifrar. Porque tem dentro de si toda uma série de contradições. São, por exemplo, de um lado, fortemente individualistas, porém, de outro, seguem a massa, as modas de massa. São, de um lado, fortemente desejosos de não ter nenhum vínculo – por exemplo, do ponto de vista ético – e, ao mesmo, têm um forte sentido da amizade, sentem fortemente a violação da relação. De um lado, estão prontos, por exemplo, a celebrar a liberdade absoluta e, de outro, seguem muitos estereótipos, começando pelo modo de vestir-se. São um fenómeno muito complexo. São superficias mas têm um grande sentido da interioridade. E têm linguagens completamente novas: quero recordar uma delas, à qual gostaria de dar relevo particular, que é a linguagem da música. A música deles tornou-se o maior consumo em absoluto de forma cultural musical. Justamente por todas essas razões, penso que seja indispensável que nós, adultos, nós, gerações precedentes, inclusive nós, pastores, devemos nos esforçar para não colocá-los diante de uma espécie de microscópio, mas entrar no nível deles e começar a sentir, um pouco, como é a batida da mente e do coração dos jovens.

O trabalho que nós estamos fazendo, que é um trabalho evidentemente, antes de tudo, de análise, é, sobretudo, para propor dois percursos. O primeiro é o percurso da humanidade: oferecer aos jovens a consciência de que existem grandes valores, e estes valores são valores éticos, culturais, espirituais em sentido lato. Em segundo lugar, fazer-lhes entender o grande relevo que o cristianismo pode ter. Aqueles que de certo modo dialogam comigo em chave religiosa sobre um tema religioso, não sobre um tema ético-social geral, fazem-no, sobretudo, falando do facto que nós padres já não somos capazes de apresentar tão bem aos jovens a figura de Cristo.

A Assembleia Plenária do Conselho Pontífício da Cultura decorrerá até ao próximo dia 9 de Fevereiro. A destacar temas como a socialização dos jovens, nativos digitais: linguagens e rituais, a fé dos jovens e alfabeto emotivo dos jovens. Este encontro terá o seu inicial oficial hoje (dia 6) pelas 17 horas no Aula Magna da Lumsa. E começará, precisamente, com um concerto rock da banda italiana "The Sun". Para sentir o bater do coração dos jovens.







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