Ordem de Malta Celebra 900 anos de reconhecimento pontifício
Roma (RV) - A Ordem de Malta, uma das ordens soberana e militar mais antigas
da civilização ocidental, celebra seus 9 séculos de reconhecimento pontifício, com
o desafio de seguir impulsionando seu espírito católico e o trabalho humanitário
iniciado pelo beato Gerardo com a criação de hospitais em Jerusalém.
A quase
milenar instituição recordou em uma coletiva de imprensa realizada em Roma, a emissão,
em 1.113, da bula do Papa Pascual II com a qual a instituição já existente há mais
de meio século, passou a ser uma “ordem religiosa leiga”.
A Ordem de Malta
conta com 13.500 membros procedentes de todas as partes do mundo, a grande maioria
leigos. Entre eles está o Rei Juan Carlos da Espanha, que foi batizado na capela da
Ordem de Malta, em Roma, em 26 de janeiro de 1938.
O chefe do Executivo da
Ordem, Jean-Pierre Mazerey, destacou o trabalho de assistência médica e humanitária
realizado por mais de 880 mil voluntários e 25 mil médicos e enfermeiras em 120 países
do mundo. Palestina, Líbano, Síria ou Burkina Faso são alguns dos países onde a Ordem
de Malta, através de sua agência para a ajuda humanitária, oferece assistência médica,
psicológica e social, baseada no princípio inspirador do “testemunho de fé e o serviço
aos que sofrem”.
A histórica Ordem de Malta é um Estado sem território, caso
único na história, que conta com direito internacional, sistema jurídico próprio e
mantém relações com 104 países em todo o mundo.
No plano político internacional
– explicou Mazerey -, a Ordem de Malta tem uma posição de neutralidade. É imparcial,
apolítica e independente, inclusive em relação à Santa Sé, que no momento de seu reconhecimento,
outorgou a ela o direito de eleger livremente seus superiores sem interferências de
outras autoridades leigas ou religiosas.
O Ministro da Saúde e Cooperação Internacional
da Ordem, Albrecht Boeselager, explicou que “devido à posição neutra, apolítica e
imparcial, a Ordem de Malta consegue intervir em áreas de crise, onde praticamente
ninguém tem acesso, e se converte em um elemento crível por todas as partes envolvidas
no conflito”.
Existem numerosas histórias e fantasias sobre a Ordem de Malta,
que também inspirou filmes como “O Falcão Maltês”, protagonizado por Humphrey Bogart.
A
origem da Ordem de Malta remonta ao ano de 1048, quando mercadores de antiga República
de Amalfi obtiveram do Califa do Egito a permissão para construir em Jerusalém uma
igreja, um convento e um hospital para assistir aos peregrinos de todas as religiões.
A constituição do reino de Jerusalém, durante as Cruzadas, obrigou a Ordem a assumir
a defesa militar dos enfermos e dos peregrinos e a proteger seus centros médicos e
as principais vias de comunicação.
À missão de assistência de saúde da Ordem
se somou a defesa da fé. Com o tempo, a Ordem adotou a cruz octogonal branca, que,
até hoje segue sendo seu símbolo.
Com a celebração dos 900 anos do reconhecimento
pontifício da Ordem de Malta como ordem religiosa, a instituição abre à sociedade
as portas do passado, presente e futuro, com um grande trabalho humanitário em suas
costas. O momento culminante da celebração terá lugar no próximo sábado, 9 de fevereiro,
quando o Papa Bento XVI receberá 4 mil membros e voluntários da Ordem, provenientes
de todas as partes do mundo. (JE)