Não vos associais aos profetas da desventura que proclamam o fim da vida consagrada:
Bento XVI aos religiosos/as
"Nas alegrias
e nas aflições do tempo presente" não duvideis que "a kenose de Cristo é já vitória
pascal": palavras de Bento XVI, neste sábado à tarde, na basílica de São Pedro, na
homilia da Missa da Festa da Apresentação do Senhor, dirigindo-se aos religiosos e
religiosas, por ocasião do XVII Dia Mundial da Vida Consagrada. O Papa convidou-os
a alimentarem a fé e não se unirem "aos profetas da desventura que proclamam o fim
da vida consagrada ou a sua falta de sentido na Igreja dos nossos dias". A homilia
de Bento XVI centrou-se no sacrifício de Cristo. "A salvação que Jesus traz ao seu
povo" passa "pela morte violenta que ele vencerá". É "exactamente por ter sofrido
pessoalmente" que Ele "é capaz de vir ao encontro dos que são provados". Também "a
alegria da vida consagrada - recorda o Papa - passa necessariamente pela participação
na Cruz de Cristo", e assim foi para Maria, à qual se profetiza que uma espada lhe
trespassará a sua alma: “O seu sofrimento é do coração que forma uma só coisa com
o Coração do Filho de Deus, trespassado por amor. Daquela ferida brota a luz de Deus,
e também dos sofrimentos, dos sacrifícios, do dom de si que os consagrados vivem por
amor de Deus e dos outros irradia a mesma luz, que evangeliza os povos ".
Aos
consagrados presentes Bento XVI recorda que, com os múltiplos carismas da vida contemplativa
e apostólica eles cooperam na missão da Igreja no mundo, e dirige três convites. Antes
de tudo, para alimentarem a fé, lembrando "o ‘primeiro amor’, com o qual - diz -
o Senhor Jesus Cristo aqueceu o vosso coração". Deste encontro de amor, na adoração,
"vós deixais tudo para estardes com Ele e vos colocardes como Ele ao serviço de Deus
e dos irmãos". Daí, a exortação a uma fé "que sabe reconhecer a sabedoria da fraqueza":
“Nas alegrias e nas tristezas do tempo presente, quando a dureza e o peso da cruz
se fazem sentir, não duvideis que a kenosis de Cristo é já vitória pascal".
"Nas
sociedades da eficiência e do sucesso", continua o Papa, a vossa vida marcada “pela
fraqueza dos pequeninos e pela empatia com aqueles que não têm voz, torna-se um evangélico
sinal de contradição". Finalmente, o convite para renovar a fé "que faz de nós peregrinos
rumo ao futuro". A vida consagrada é de facto peregrinação em busca de um Rosto que
por vezes se manifesta e outras vezes se esconde: seja este o anseio constante do
vosso coração nos pequenos passos de cada dia e nas grandes decisões: “Não vos associeis
aos profetas da desventura que proclamam o fim da vida consagrada ou a sua falta de
sentido na Igreja dos nossos dias; mas antes revesti-vos de Jesus Cristo e vesti as
armas da luz - como exorta São Paulo – permanecendo sempre alerta e vigilantes".