2013-02-02 12:35:04

"Fé sem obras é como árvore sem frutos": Bento XVI na Mensagem para Quaresma


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"Para uma vida espiritual sã é necessário evitar tanto o fideísmo quanto o activismo moralista", - diz Bento XVI na Mensagem para a Quaresma 2013. O Papa fala de "vínculo indissolúvel" entre a fé e a caridade e exorta os cristãos a serem, em todas as suas obras de caridade, um reflexo do amor de Cristo pelo homem.

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» é o subtítulo da Mensagem para a Quaresma que exprime em poucas palavras a verdade que Bento XVI quer sublinhar particularmente, ou seja, que um cristão não ama o seu próximo, porque é genericamente bom e solidário, mas porque experimentou em si mesmo o amor de Cristo, e é este amor que ele testemunha aos outros. O Papa volta a esclarecer a justa relação entre a fé e caridade e a necessidade que nenhuma delas prevaleça sobre a outra. A questão foi já abordada por São Paulo e Bento XVI a actualiza. Fé e caridade, escreve o Papa, são virtudes unidas num "vínculo indissolúvel" e "é enganoso" vê-las opostas em chave "dialéctica", como acontece quando "por vezes se tem a tendência de restringir o termo ‘caridade’ à solidariedade ou à simples ajuda humanitária". Por um lado, objecta Bento XVI, "é redutiva a atitude de quem põe ênfase tão forte na prioridade e determinação da fé ao ponto de subestimar e quase desprezar as obras concretas de caridade reduzindo esta a um genérico humanitarismo. Por outro lado, porém, é igualmente redutivo sustentar uma supremacia exagerada da caridade e da sua operosidade, pensando que as obras possam substituir a fé. Para uma vida espiritual saudável – reitera o Papa na mensagem - é necessário evitar quer o fideísmo quer o activismo moralista".

O cristão, pelo contrário, continua o Papa na Mensagem, especialmente se for "operador da caridade", é uma "pessoa conquistada pelo amor de Cristo", e, portanto, "é aberto de modo profundo e concreto ao amor pelo próximo". Em seguida Bento XVI usa uma imagem para explicar a natureza desta forma de amar. "A existência cristã - diz – consiste numa subida contínua à montanha do encontro com Deus para depois descer de lá, trazendo o amor e a força que dela derivam, de modo a podermos servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus". Deste modo um cristão que faz caridade sabe que não são tanto os seus esforços que trazem fruto mas a “iniciativa salvífica” que vem “de Deus e da sua graça”, e isto, "longe de limitar a nossa liberdade e a nossa responsabilidade, pelo contrário as torna autênticas e as orienta para as obras de caridade". E por fim, conclui o Papa, "uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos": se a primeira "nos faz conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado", a segunda nos faz "entrar" naquele amor e leva ao dom total de si.








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