Papa Bento XVI enviou telegrama de solidariedade para com as vítimas dos incidentes
na prisão de Uribana na Venezuela
Depois dos violentos confrontos que se verificaram no passado 25 de Janeiro na prisão
venezuelana de Uribana, que custaram a vida a 58 pessoas, na sua maioria prisioneiros,
o Papa convida as autoridades do País a trabalharem para que estes factos dramáticos
nunca mais se repitam.
Bento XVI exorta as instituições a "continuarem a trabalhar
num espírito de colaboração e boa vontade para superar os problemas e evitar a repetição
de tais eventos dramáticos no futuro”. O apelo foi feito num telegrama de condolências
enviado, com assinatura do Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone, no qual
o Papa exprime o seu profundo pesar pelos "trágicos incidentes" assegurando as suas
orações pelos defuntos e "a sua mais profunda proximidade espiritual e solidariedade"
para com as famílias das vítimas e os cerca de 90 feridos. Mesmo ontem, o governo
venezuelano prorrogou por mais três meses o estado de emergência prisional para a
construção de novas prisões. Segundo o Observatório Venezuelano das Prisões, no País
existem mais de 45 mil presos em estruturas que poderiam acomodar no máximo 15 mil.
O governo abriu uma inquérito sobre o que aconteceu: segundo uma primeira reconstrução,
o que desencadeou os incidentes teria sido uma perseguição levada a cabo pela Guarda
Nacional.
Alguns bandos organizados no interior da prisão teriam aproveitado
a oportunidade para agredir os agentes: daí teria nascido um confronto duríssimo com
os presos que terão roubado as armas, mas presume-se que outras munições já estivessem
dentro da prisão. Testemunhas falaram também de duas explosões. A prisão deveria acomodar
850 pessoas, mas neste momento tem 2.500 reclusos. Para a Comissão da ONU sobre os
Direitos Humanos, a responsabilidade pelos confrontos deve ser atribuída às autoridades
venezuelanas. A Igreja venezuelana, por seu lado, fala de uma "política carcerária
ineficaz por parte do governo, perante a superlotação, a falta de alimentação adequada,
a violência descontrolada, os atrasos processuais e a humilhação sofrida pelas famílias"
dos detidos e invoca "uma investigação independente e imparcial, que permita processar
e punir os responsáveis ."