Rio Branco (RV) - A sede da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rio Branco,
no Acre, foi invadida pela sétima vez na madrugada desta quarta-feira (30).
Segundo
nota emitida pela Pastoral, a equipe da CPT ao chegar à sede no período da manhã para
organizar um ato de apoio marcado para quarta-feira encontrou sinais de arrombamento
e chamou a polícia. No escritório, os documentos estavam jogados no chão.
No
dia 25 de janeiro, a CNBB, por meio da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço
da Caridade, da Justiça e da Paz, a CPT e o Conselho Indigenista Missionário emitiram
nota oficial em solidariedade ao trabalho realizado pela pastoral no Acre, devido
aos constantes atos de violência.
De acordo com a nota, as invasões podem
ter relação com as denúncias feitas pela CPT recentemente.
“Julgamos
importante destacar o fato de essas invasões à sede terem se intensificado após a
CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros
e madeireiros no Etado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas
formas de apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital
para alguns.”
Confira a íntegra da nota:
A Comissão Episcopal Pastoral
para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, o Conselho Indigenista Missionário
(Cimi) e a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) vêm a público
denunciar novos atos de violência praticados contra a CPT do Acre, e reiteram sua
solidariedade e apoio aos agentes de pastoral pelo corajoso trabalho desenvolvido
em defesa do povo do campo e da floresta daquele estado.
Na madrugada do dia
20 para o dia 21 de janeiro último, a sede da CPT do Acre foi invadida. O local foi
destelhado e o forro destruído para permitir o acesso às dependências. Foram roubados
computadores, data show, impressoras, máquinas fotográficas, além de muitos documentos.
A
equipe da CPT encaminhou todos os procedimentos legais, fez o registro de boletim
de ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que
não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos suspeitos
de tal violência.
Tudo leva a crer que a ação criminosa tenha sido executada
por um profissional bem orientado do que deveria retirar do local, e capaz de dificultar
a investigação policial, não se tratando, portanto, de um furto comum. Isso fica ainda
mais evidente uma vez que, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de janeiro, a mesma
sede foi mais uma vez invadida e as únicas coisas levadas foram documentos, inclusive
o Boletim de Ocorrência, feito no dia anterior.
Com esses dois últimos episódios,
já são seis os casos de invasões na sede da CPT no Acre nos últimos dois anos. Julgamos
importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a CPT
denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros e madeireiros
no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas formas de
apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para
alguns.
Somadas às recorrentes invasões, ameaças foram direcionadas ao agente
pastoral que atua no município de Boca do Acre (AM), Cosme Capistano da Silva, bem
como, a Maria Darlene Braga Martins, coordenadora da CPT na região.
Os signatários
acreditam que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT Acre
nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das terras, grileiros,
fazendeiros e madeireiros.
Mesmo tendo sido feitas reiteradas denúncias ao
Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), secretarias de
Direitos Humanos e Secretaria de Segurança Pública nada foi resolvido até o momento.
Exigimos que os fatos sejam apurados com profundidade e transparência e que os verdadeiros
executores dessas violências sejam responsabilizados e presos.
Brasília /
Goiânia, 25 de janeiro de 2013.
Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço
da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Coordenação
Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)