Jales (RV) - Tão fácil não será esquecida a cena que logo foi difundida pelo
mundo. De um momento para outro, em questão de minutos, o que era uma festa alegre
e descontraída, se tornou um desastre de conseqüências terríveis e inesperadas. Mais
de duzentas pessoas acabaram morrendo subitamente, mal tendo tempo para se darem conta
da fatalidade que se abatia de repente sobre elas.
Perderam a vida, lá onde
tinham ido para comemorá-la. De repente, o que devia ser um ambiente seguro e propício
para a alegria e o divertimento, se tornou uma terrível armadilha, de onde foi difícil
escapar, mesmo para aqueles que conseguiram sair de suas garras.
Diante de
um fato trágico como este, que implicou a morte de centenas de pessoas, num primeiro
momento nos invade o sentimento de impotência, face a realidades que impiedosamente
vão ceifando pessoas, tirando-lhes o dom mais precioso, imprescindível, e insubstituível,
que é a própria vida.
A difusão da notícia foi suscitando um turbilhão de sentimentos.
Todos nos imaginamos como teria sido diferente se em tempo o incêndio pudesse ter
sido evitado. Teria sido tão fácil agir com antecedência, ficou tão difícil enfrentar
as conseqüências.
Esta constatação faz logo pensar na medida indispensável
que precisa sempre ser tomada, de prevenção adequada a ser feita, com a suficiente
garantia e com medidas generosas, mesmo que pareçam exageradas quando vistas fora
de nossas previsões de acidentes inesperados que possam acontecer.
Esse fato
deixará certamente muitas lições práticas, a serem tiradas por todos. De maneira especial
pelas autoridades encarregadas de urgirem a segurança em qualquer ambiente de aglomeração
humana.
Mas antes de pensar nas providências que esta tragédia vai certamente
despertar, todos nos sentimos ainda envolvidos e solidários com as pessoas que mais
de perto estão agora experimentando a dureza deste drama que se abateu sobre elas,
de maneira tão terrível e inesperada.
Para os que morreram, podemos ter uma
certeza iluminadora, seja qual for a forma que toma nossa fé e nossa esperança. Com
serenidade, para eles, podemos cultivar a certeza de que terão se encontrado com o
Deus da vida, que os acolheu com misericórdia, ternura e bondade, fazendo com que
passassem diretamente da festa nesta vida, para o banquete definitivo, mesmo que
isto tenha acontecido em hora tão inesperada.
Esta certeza a respeito de todos
os falecidos nesta tragédia, serve de principal conforto para os sobreviventes, seja
os que estavam na festa e conseguiram sobreviver, seja para as famílias, para os parentes
e amigos dos falecidos.
Assim mesmo, sabemos que a dor persiste e vai ser
levada para a vida inteira. E diante desta dor humana, a melhor atitude é o respeito,
o silêncio, e a solidariedade com todos e cada um.
São muitas as reflexões
que este triste acontecimento suscita. Ainda mais diante do fato de ter envolvido
especialmente jovens, neste ano em que a Campanha da Fraternidade tem como tema a
juventude, e como evento principal o encontro mundial do Papa com os jovens, aqui
no Brasil.
A seu tempo, estas reflexões precisarão ser bem recolhidas, para
serem transformadas em lições de vida.
Impressiona a constatação de que a grande
maioria das vítimas deste incêndio, não morreu queimada. Morreu por inalar fumaça
tóxica produzida pelo fogo. Esta circunstância é carregada de simbolismo. Quando se
queimam valores, se abandonam critérios éticos, se esquecem recomendações da prudência
e da sabedoria tradicional, o perigo mora nas conseqüências! Parece inócuo prescindir
destas referências. Mas a seu tempo o resultado se manifesta.
E´ urgente
identificar onde mora na sociedade de hoje a fumaça tóxica que ceifa vidas e impede
sua realização plena. Que este triste episódio de Santa Maria sirva de alerta a todos.