Papa no Angelus: Nunca mais o horror do holocausto. Supere-se qualquer forma de ódio
e racismo. Saudada a "caravana da paz"
Neste dia da Memória,
em recordação do Holocausto das vítimas do nazismo. Foi com um apelo a não esquecer
essa tragédia que atingiu duramente o povo hebreu que o Papa deu início às suas palavras
no Angelus. Nessa ocasião o Papa disse que o Holocausto deve representar para todos
uma advertência constante a fim de que não se repitam os horrores do passado e se
ultrapasse todas as formas de ódio e racismo e se promovam o respeito e a dignidade
da pessoa humana. Neste domingo 27 de Janeiro, Dia Mundial dos Leprosos, o Papa
exprimiu, depois da oração do Angelus na Praça de São Pedro, a sua proximidade em
relação às pessoas que sofrem deste mal e encorajou os investigadores, agentes da
saúde e os voluntários, de modo particular os que fazem parte da organização católica
“Associação Amigos de Raoul Follereau”. O Papa invocou para todos o apoio de São Damião
de Veuster e de Santa Mariana Cope, que deram a vida pelos doentes de lepra. Bento
XVI recordou também a Jornada especial de intercessão pela Paz na Terra Santa, que
ocorre neste domingo, agradecendo todos quantos a promovem em muitas partes do mundo,
e saudou de modo particular os que estavam presentes na Praça… Outro momento especial
do encontro do Papa com os fiéis neste domingo foi a saudação especial que dirigiu
às crianças e jovens da Acção Católica de Roma, dois dos quais estavam ao lado dele,
juntamente com os seus responsáveis diocesanos. “Caros jovens, a vossa “Caravana
de Paz” é um belo testemunho!” – disse-lhes, exprimindo o desejo de que seja
também sinal de empenho quotidiano pela construção da paz onde quer que se encontrem.
Depois os jovens dirigiram-se ao Santo Padre dizendo-lhe que querem gritar bem alto
a necessidade de paz que há no mundo. E afirmaram que é necessária justiça e compreensão,
por isso, trouxeram as suas pequenas renúncias para entregá-las a um grupo de rapazes
e raparigas egipcios que com a ajuda da comunidade jesuíta de Alexandria criaram uma
pequena companhia teatral. Assim, os meninos e meninas que viviam nas ruas da cidade
de Alexandria passaram a ser, através deste projecto, protagonistas do seu futuro. O
encontro que começara com as reflexões do Santo Padre sobre as leituras bíblicas deste
domingo, concluiu-se com a libertação de algumas pombas, símbolo do Espírito de Deus,
que disse Bento XVI, doa a paz a quantos acolhem o seu amor…. Amor que somos chamados
a manifestar também através da santificação do domingo como Dia do Senhor, disse o
Papa ainda antes da reza das Ave Marias. Inspirando-se na liturgia deste domingo,
em que São Lucas, nos fala de um certo Teófilo, nome que significa “amigo de Deus”,
Bento XVI disse que podemos ver nele o crente que se aproxima de Deus e quer conhecer
o Evangelho. Bento XVI comentou depois uma outra passagem do Evangelho deste domingo
que apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré a participar, juntamente com os seus concidadãos,
na oração, na escuta das Escrituras (texto do Torah ou dos Profetas) seguidas de comentário.
Aconteceu que naquele dia o texto referia-se a Ele. No fim Jesus comentou: “Hoje
realizou-se esta escritura que vocês acabaram de ouvir” . Este hoje –
continuou Bento XVI citando São Cirilo de Alexandria, posto entre a primeira e a última
vinda de Cristo, está ligada à capacidade do crente de ouvir e rever a própria vida.
Mas o Papa foi ainda mais além, afirmando que “em sentido mais radical, é o próprio
Jesus o “hoje” da salvação na história porque leva à concretização a plenitude da
redenção”. E prosseguiu: “Caros amigos esta
passagem interpela “hoje” também a nós. Antes de mais faz-nos pensar no nosso modo
de viver o domingo: dia de repouso e da família, mas antes ainda dia que deve ser
dedicado ao Senhor, participando na Eucaristia, na qual nos nutrimos do Corpo e Sangue
de Cristo e da sua Palavra de vida”. O evangelho deste domingo
convida-nos ainda – afirmou o Papa – a interrogar-nos sobre a nossa capacidade de
escuta. “Antes de poder falar de Deus e com Deus, é preciso escutá-lo, e
a liturgia da Igreja é a “escola” desta escuta do Senhor que nos fala”. A
liturgia de hoje recorda-nos ainda – frisou o Papa – que qualquer momento pode tornar-se
num “hoje” propício para a nossa conversão, porque a salvação é história que continua
para a Igreja e para cada discípulo de Cristo. Este – concluiu Bento XVI – é o sentido
cristão do “carpe diem” ou seja acolhe o “hoje” em que Deus te chama para te dar a
salvação!