Editorial: A cultura das redes sociais

Cidade do Vaticano (RV) – Como todos os anos, no dia 25 de janeiro, Festa de São Francisco de Sales – padroeiro dos jornalistas – o Santo Padre divulga a sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que neste ano será celebrado na sua 47º edição no dia 12 de maio. É o momento em que o Papa se dirige aos meios de comunicação, àqueles que neles trabalham e que deles fazem uso.

No ano passado o tema evidenciado por Bento XVI foi o do “Silêncio e da Palavra: caminho de evangelização”. Como destacou o Papa, o Silêncio é um valor que, à primeira vista, poderia parecer contrário à palavra numa sociedade de abundantes estímulos que a comunicação traz em primeiro plano. Mas o silêncio não é apresentado como contraposição a uma sociedade caracterizada pelo fluxo constante da comunicação, e sim como um elemento essencial de integração.

Neste ano a mensagem de Bento XVI tem como tema as redes sociais, que são vistas como espaços para a nova evangelização e também como “ágoras”, ou seja, lugares onde as pessoas podem compartilhar ideias.

O tema central deste ano é “Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços para a evangelização”. O Papa acredita nos meios de comunicação e nas redes sociais, tanto que já possui uma conta no Twitter em nove idiomas, onde é seguido por mais de 2 milhões e meio de pessoas. É necessário levar em conta o desenvolvimento e a grande popularidade do social network, também por homens que são responsáveis pela missão de evangelizar.

Bento XVI está ciente de que as redes sociais contribuem para que surja uma nova “praça pública” onde as pessoas podem compartilhar ideias, informações, opiniões, e onde, além disso, nasçam novas relações.

Os contatos entre as pessoas em muitos casos podem se transformar em amizade – escreve ainda Bento XVI - mas chama a atenção para o fato que as pessoas que estão nas redes sociais devem se “esforçar para serem autênticos”, porque nestes espaços “não são compartilhadas apenas ideias e informações, mas os próprios usuários são objeto da comunicação”.

A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas de comunicação supõem um desafio para os que desejam falar da verdade e de valores. Muitas vezes, porém – afirma o Papa - o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão “parecem determinados mais por sua popularidade do que por sua importância”. Assim “a voz discreta” da razão é sufocada pelo barulho de tanta informação.

Mais uma constatação de Bento XVI é que o ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade cotidiana de muitos, especialmente dos mais jovens. E é exatamente utilizando as novas linguagens que se pode também levar o Evangelho a mentes e corações de muitos espalhados por todo o mundo.

Fazemos eco das palavras do Santo Padre em relação às redes sociais: se usadas com “equilíbrio, respeito, responsabilidade e dedicação à verdade”, podem “reforçar os vínculos de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi criado pela Igreja Católica há 47 anos para refletir sobre a importância e a influência dos meios de comunicação no mundo atual e é celebrado todos os anos no domingo antes de Pentecostes. (Silvonei José)