Por que São Paulo se converteu? Ouça Pe. José Bizon
Cidade
do Vaticano (RV) - No dia 25 de janeiro, celebra-se a conversão de São Paulo.
Nascido em Tarso, na Cilícia, por volta do ano 10, era um autêntico defensor do Judaísmo,
e de perseguidor, tornou-se o maior anunciador do Cristianismo. Como se deu esta conversão?
Quem responde é o Padre José Bizon, mestre em Ecumenismo pela Pontifícia Universidade
Santo Tomás, de Roma; ex-assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo, atualmente
cônego da Arquidiocese e diretor da Casa da Reconciliação, em São Paulo.
“Ele
foi tocado pela ação do Espírito Santo, ele conheceu através dos escritos, do testemunho
de outras pessoas que falavam do Jesus de Nazaré. Ele que era fiel à lei, achava que
deveria dar esta continuidade, mas através do testemunho também de outros apóstolos
das primeiras comunidades, dos primeiros cristãos, ele também se sente tocado pelo
próprio Jesus de Nazaré e de perseguidor passa a ser o anunciador e depois será também
perseguido. Portanto, ele foi capaz de ouvir a mensagem; ele estava aberto ao testemunho
de outras pessoas e deixou-se tocar também pela ação do Espírito Santo. A partir daí
ele passou a ser o grande anunciador do Reino de Deus; passou a ser o grande anunciador
de Jesus Cristo e da Boa Nova a todos os povos. Celebrar a festa do Apóstolo Paulo
no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos cristãos no hemisfério Norte
e ter também a Palavra de Deus no centro, que é fonte e alimento da espiritualidade
ecumênica, a exemplo do próprio Apóstolo Paulo”.
Sua conversão ocorreu
de modo inesperado a caminho de Damasco, quando liderava uma perseguição contra os
cristãos daquela cidade. Jesus Ressuscitado apareceu-lhe e o derrubou do cavalo, transformando-o
de cruel perseguidor dos cristãos em ardoroso apóstolo dos gentios. Qual o significado
desta simbologia?
“Eu gosto desta metáfora, desta figura que o Apostolo
Paulo caiu do cavalo. No Brasil, temos um modo de dizer, popular, que é ‘cair do cavalo’
quando temos uma idéia, ou quer fazer alguma coisa que é do nosso modo, sem pensar
nos outros, e de repente, a gente caiu do cavalo. Assim foi o Apostolo Paulo. Creio
que a sua queda é muito figurativa: ele caiu por terra e renasceu de novo. Caiu mas
se levantou numa nova perspectiva, então, portanto, ele foi derrubado de toda a perseguição,
o ideal um tanto quando ‘fanático’ que ele tinha em questão da lei e se deixa tocar
pelo próprio Jesus. Portanto, ele caiu por terra como o ressuscitado e levanta para
uma vida nova, para uma conversão, e começa a levar a mensagem a todos os povos. Quem
de nós nunca caiu do cavalo diante de um projeto pessoal, pensando apenas em nós mesmos?
Assim como nós caímos do cavalo algumas vezes, o Apóstolo Paulo caiu e acordou para
o novo projeto, que era uma coisa mais ampla do que aquele seu pensamento radical
e – digamos – fundamentalista. Aquela perseguição só causaria destruição. Ao se levantar,
encontra Ananias e vai se abrir para uma nova realidade”.