Bento XVI: comunhão em Cristo, exemplo para uma sociedade necessitada de reconciliação
Cidade do Vaticano (RV) - A sociedade atual muitas vezes esquece o Evangelho,
precisa de um exemplo de comunhão entre os cristãos que supere toda e qualquer divisão.
Assim se expressou o Papa ao presidir na tarde desta sexta-feira, na Basílica romana
de São Paulo Fora dos Muros, às segundas Vésperas da festa da Conversão de São Paulo.
A
celebração concluiu a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: um dom de Deus que
necessita desses gestos concretos para curar recordações e relações, disse o Pontífice.
Ressaltamos que a Igreja no Brasil celebra a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
entre as solenidades da Ascensão do Senhor e Pentecostes.
Na homilia da celebração,
o Santo Padre recordou os cristãos na Índia, "por vezes chamados a dar testemunho
da fé em condições difíceis".
Celebrando as segundas Vésperas com representantes
de outras confissões cristãs, reunidos em torno do túmulo do apóstolo Paulo, Bento
XVI falou sobre a unidade dos cristãos como meio privilegiado, pressuposto para anunciar
a fé de modo crível a quem não conhece Cristo ou a quem, mesmo já tendo recebido o
dom precioso do Evangelho, o esqueceu.
A unidade entre os cristãos, antes de
ser fruto de esforços humanos, é obra e dom do Espírito Santo, explicou o Pontífice.
A oração, o ecumenismo espiritual é o coração do empenho ecumênico, que sem a fé se
reduziria a uma forma de contrato ao qual aderir por um interesse comum. Portanto,
a premissa para uma mútua fraternidade é a comunhão com o Pai:
"O diálogo,
quando reflete a prioridade da fé, permite abrir-se à ação de Deus com a firme confiança
de que sozinhos não podemos construir a unidade, mas é o Espírito Santo que nos guia
rumo à plena comunhão, e faz colher a riqueza espiritual presente nas diferentes Igrejas
e Comunidades eclesiais."
Diante de uma sociedade como a atual na qual parece
que o Evangelho incide cada vez menos, mas necessitada de reconciliação, diálogo e
compreensão recíproca, as Igrejas e as Comunidades eclesiais são chamadas a acolher
o desafio de, juntas, anunciar Cristo, oferecendo ao mundo um luminoso exemplo na
busca da comunhão:
"Ao tempo em que caminhamos rumo à plena unidade, é necessário
buscar então uma colaboração concreta entre os discípulos de Cristo em vista da transmissão
da fé ao mundo contemporâneo."
Todavia, as questões doutrinais que ainda nos
separam, não devem ser subestimadas ou minimizadas: devem ser enfrentadas com coragem,
em espírito de fraternidade e respeito recíproco, acrescentou o Papa.
O ecumenismo
não dará frutos duradouros se não for acompanhado de gestos concretos de conversão
que favoreçam a cura das recordações e das relações, prosseguiu.
O dom da unidade
é inseparável do dom da fé, e a fé é inseparável da santidade pessoal, bem como da
busca da justiça. Pensando nos cristãos da Índia que prepararam os subsídios para
a reflexão durante a Semana de Oração deste ano, celebrada com o tema "O que o Senhor
exige de nós" – extraído do livro do profeta Miquéias –, o Papa recordou as condições
difíceis em que eles por vezes são chamados a dar testemunho:
"<> significa, em primeiro lugar, caminhar na radicalidade da fé, como Abraão,
confiando em Deus, aliás, colocando n'Ele toda nossa esperança e aspiração, mas significa
também caminhar para além das barreiras, do ódio, do racismo e da discriminação social
e religiosa que dividem e prejudicam a sociedade inteira."
Os representantes
do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, da Igreja Anglicana, das Igrejas ortodoxas,
das Igrejas ortodoxas orientais e das diferentes comunidades eclesiais participaram
das segundas Vésperas presididas pelo Santo Padre.
Em nome de todos, o presidente
do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch,
saudou o Pontífice. (RL)