Brasil: fornecedor de "escravos modernos" para Europa
Brasília (RV) - O Brasil se tornou o maior “exportador de pessoas” da América
Latina. E a Europa é o principal centro deste novo mercado escravagista do século
XXI. Alemanha, Itália e Espanha constituem os países que mais recebem brasileiros
“escravos”. Neste ano, o país deverá assumir a 2ª posição como país onde mais são
julgados processos criminais referentes ao tráfico de seres humanos.
Na reportagem
publicada pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, são relatadas histórias de pessoas
de diferentes localidades do Brasil que, atraídas por promessas de bons empregos,
acabaram sendo vendidas, virando mercadoria na mão de traficantes de seres humanos.
Alguns trabalham nas ruas de Roma, outros em boates na Alemanha e Espanha. O mercado
sexual é o que tem maior demanda dos "novos escravos". Em muitos casos, não é a intenção
da pessoa, mas acaba se prostituindo por necessidade financeira e acaba por cair nas
mãos de quadrilhas de mercadores de pessoas.
No levantamento realizado em
outubro passado pela Secretaria Nacional de Justiça, em conjunto com o Escritório
das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC), foi constatado que a cada cinco dias
uma pessoa é vítima de tráfico no Brasil.
A CPI do tráfico de Pessoas do senado,
finalizada em dezembro, listou 867 inquéritos instaurados pela Polícia federal sobre
este tipo de crime nas duas últimas décadas.
O tráfico de pessoas é considerado
crime, mesmo que a vítima seja conivente com a situação. A repressão é difícil, especialmente
quando o destino é o exterior, porque nem sempre a vítima se dispõe ou tem a chance
de delatar o algoz. A Delegada Diana Calazan Mann, da Delegacia de Defesa Institucional
da Polícia Federal do Rio Grande do Sul, explica que "o fato de uma pessoa estar num
país estranho, sem conhecer o idioma, aliado ao medo das autoridades, dificulta a
repressão. O único elo de segurança passa a ser o explorador, a quem fica completamente
à mercê, sofrendo humilhações e espancamento". A Ministra da Secretaria dos Direitos
humanos da Presidência, Maria do Rosário, lembra que o governo desenvolve o Plano
Nacional de Enfrentamento ao tráfico de Pessoas, visando qualificar o combate ao crime,
mas reconhece a necessidade de maior articulação com outros países e de maior apoio
às vítimas, para que elas não se tornem também aliciadoras.