2013-01-21 12:47:25

As rádios cristãs na Europa - Editorial Europeu


É lícito interrogar se as rádios cristãs ainda têm lugar hoje, na Europa, no turbilhão mediático provocado pelo extraordinário desenvolvimento das social network e da internet. Sem dúvida alguma, muitos membros da CERC deveriam pôr-se esta pergunta de vez em quando. Fundada em 1994, num contexto completamente diferente, a Conferência Europeia das Rádios Cristãs organiza a sua jornada anual a 24 de Janeiro, festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.

Num país como a França, as rádios cristãs devem ter de vez em quando a sensação de ter perdido a sua autoridade num sistema de circulação permanente das ideias. Aqui as sondagens anunciam regularmente, com o apoio de dados, uma descristianização que parece inexorável. Os crentes, que se sentem marginalizados e ignorados, encontram maior conforto noutras plataformas, cuidadosamente escolhidas, onde se pode viver em solidariedade ou trocar ideias com quem pensa como eles.

Naturalmente, o principal objectivo dessas rádios não é de agradar, mas sim de trazer uma visão cristã e lúcida sobre a vida dos homens. Mas como afirmar a própria especificidade e esforçar-se por ser um vector de evangelização num universo ultracompetitivo que dá a todos a ilusão de aceder aos mesmos conhecimentos, com a promessa de "um mundo mais aberto e interligado, graças ao poder da partilha" ? Não é fácil nesta paisagem modificada conservar a própria coerência e identidade.

No entanto, mais do que nunca, a liberdade de expressão, a coragem de ir contra a corrente, de manter um discurso diferente, constitui plenamente um contrapoder necessário nas sociedades europeias cada vez mais conformistas, onde o pensamento único, a ditadura da maioria e o "politicamente" correcto reinam soberanamente. O público precisará sempre de uma informação filtrada, esclarecida e ponderada, sobretudo quando esta informação é demasiado abundante e instantânea, como hoje. E os cristãos sabem, talvez mais do que os outros, que as palavras podem ter um poder formidável, que podem matar ou dar a vida.

Nesta selva emaranhada, onde as fronteiras desaparecem, os media cristãos são chamados a serem bússola, ajudando a decifrar as informações que chegam de todas as partes e a recolocá-las no seu contexto, em breve, despertando as consciências. Permanece, porém, o facto de que para sobreviver e existir no concerto da comunicação, é necessário, hoje em dia, mesmo para os cristãos, investir nos novos territórios e resistir à tentação de fechar-se num gueto de identidade. Na Europa, como em outros lugares, as rádios cristãs têm ainda caminho a percorrer para cobrir o seu deficit de reputação e profissionalismo.


Romilda Ferrauto
Responsável pela Secção Francesa da Rádio Vaticano








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