Exército argelino avançou contra jihadistas que controlam exploração petrolífera
O Exército argelino lançou uma operação para tentar libertar dezenas de trabalhadores
de um campo de exploração petrolífera no Sara tomado quarta-feira por um grupo jihadista.
"A operação continua" disse ao início da noite o ministro argelino da Comunicação.
"Muitos reféns foram libertados, mas infelizmente algumas pessoas foram mortas" durante
a operação do exército que ainda decorre, disse Mohamed Said, numa intervenção em
directo na televisão. O minsitro explicou que não era possivel avançar com "números
definitivos". O porta-voz do autoproclamado “Batalhão do Sangue”, um jihadista
conhecido dos serviços de informação ocidentais, disse a uma agência de informação
da Mauritânia que o Exército argelino atacou quando o grupo tentava levar os reféns
para outra localização. Segundo o rebelde, 15 combatentes morreram também no ataque.
O mesmo porta-voz anunciou que o grupo tinha ainda em seu poder sete reféns vivos
– o grupo trata apenas como reféns os cerca de 40 estrangeiros que estavam na plataforma,
apesar de várias dezenas de argelinos terem sido também impedidos de sair do local
–, adiantando que são dois americanos, três belgas, um japonês e um britânico. O
campo de In Amenas, explorado em conjunto pela empresa argelina Sonatrach, a britânica
BP e a norueguesa State Oil, foi tomado de assalto na quarta-feira por um grupo armado
dirigido por Mokhtar Belmokhtar, um islamista radical iniciado na guerra do Afeganistão
e treinado no deserto do Sara e na guerra civil da Argélia. Até recentemente, liderou
um dos batalhões da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, mas, em Dezembro último, rompeu
com a organização, anunciando a criação do seu próprio grupo. Segundo o jornal Le
Monde, Belmokhtar é muito próximo do Mujao, um dos movimentos extremistas que controlam
desde Março do ano passado o Norte do Mali. A agência de notícias argelina APS
noticiou, entretanto, que o Exército conseguiu libertar quatro reféns estrangeiros
(um francês, dois escoceses e um queniano) e "600 argelinos" que trabalhavam na plataforma.
Pouco depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Dublin confirmou que o cidadão
irlandês que estava entre os sequestrados "foi libertado e está em local seguro".
A APS refere também que a operação militar provocou um número não confirmado de mortos,
mas uma fonte do Governo britânico adiantou aos jornalistas que os 34 mortos são "um
número elevado" para os dados de que dispõe. Num primeiro sinal de que algo não
terá corrido bem, um porta-voz do primeiro-ministro britânico disse que David Cameron
está "extremamente preocupado" com a "situação grave e perigosa". Downing Street revelou
ainda que o Governo de Londres, que terá vários cidadãos entre os reféns, só foi informado
da operação militar quando Cameron telefonou ao seu homólogo argelino, tendo este
adiantado que o Exército se vira obrigado a agir "de imediato". Ao início da noite
Cameron avisou os britânicos para se prepararem para a possibilidade de receberem
"más notícias" da Argélia porque a situação no terreno, disse à BBC, "é muito perigosa,
muito incerta e muito fluída". Um porta-voz de Downing Street informou ainda que o
primeiro-ministro decidiu adiar um importante discurso que tinha previsto para esta
sexta-feira sobre o futuro papel do Reino Unido na União Europeia por causa da crise
dos reféns em In Amenas. Também os EUA, a França e o Japão estão atentos ao desenrolar
da situação.