Igreja alemã rechaça acusação de tentar encobrir conclusão de investigação sobre abusos
Berlim (RV) – A Conferência episcopal alemã anunciou nesta quinta-feira que
deve recorrer à justiça para impedir que seja acusada de tentar censurar o estudo
elaborado por especialistas em criminologia sobre os casos de pedofilia ocorridos
em instituições católicas.
A Igreja Católica reagiu assim às declarações do
Diretor do Instituto de Criminologia da Baixa Saxônia, Christian Pfeiffer, que afirmou
em entrevistas que os eclesiásticos tentavam impedir a divulgação das conclusões dos
estudos.
A Conferência Episcopal alemã, buscando ir fundo na questão, havia
encarregado em 2010 uma equipe de investigadores independentes, chefiados por Pfeiffer,
para esclarecer os casos de abusos a menores, acontecidos em diversas dioceses alemãs.
Na última terça-feira a própria Conferência havia cancelado o acordo, informando
que o trabalho de investigação seria confiado a outra equipe, em reação às declarações
de Pfeiffer ao jornal de Munique "Süddeutsche Zeitung", quando ele denunciou supostas
tentativas de censura por parte dos Bispos.
Fontes da Conferência Episcopal
rechaçaram as acusações e asseguraram que não pretendiam de forma alguma ocultar as
conclusões, mas sim, preservar a divulgação de dados pessoais, o que afetaria tanto
as vítimas quanto os presumíveis abusadores. A equipe de Pfeifer realizou a investigação
baseada em registros coletados desde 1945 e conservadas em arquivos de diversas dioceses
e instituições católicas.
O cancelamento do contrato por parte da Conferência
Episcopal provocou revolta na Alemanha. A Ministra da Justiça, Sabine Leutheussen-Schnarrenberger,
defendeu o profissionalismo de Pfeiffer. Diversas organizações católicas de base e
leigas lamentaram a decisão da Conferência Episcopal, por freiar o esclarecimento
destes casos.
A Igreja Católica na Alemanha tem 24,6 milhões de fiéis, aproximadamente
o mesmo que a Igreja Protestante. (JE)