"Boas Festas Chinesas"- Editorial de P.Lombardi

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Enquanto na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, publicado nas semanas passadas, o Papa tinha aprofundado temáticas de carácter antropológico e social, ligadas aos fundamentos da construção da paz, na Mensagem do Dia de Natal dirigiu-se diretamente aos conflitos que estão a decorrer, a começar pela trágica situação da Síria, ensanguentada por uma violência sem fim. Mas também formulou um desejo explícito de boas festas para os novos dirigentes da República Popular da China, com vista às suas altas responsabilidades.

Se calhar esta passagem era inesperada, mas diz quanto é realístico e consciente o olhar do Papa e da Igreja no caminho da humanidade. Trata-se do povo mais numeroso da Terra - um quinto da inteira humanidade - e do peso sempre mais alto que a China ocupa nos equilíbrios mundiais. Trata-se de olhá-los não na habitual perspectiva de poder, mas na perspectiva da paz e da solidariedade "em benefício daquele nobre povo e do mundo inteiro". E também para aquele povo a liberdade religiosa é premissa essencial "para a construção de uma sociedade solidária", como o Papa não se cansa de repetir. As religiões não devem ser vistas com desconfiança, como factores de divisão o de ingerência externa, mas como forças espirituais positivas e desejosas de contribuir para o bem comum. Neste espírito Roma sempre olhou com atenção para a comunidade católica na China, como foi constantemente repetido com clareza nas mensagens dos Papas. Os novos anos verão novos passos em frente neste assunto? O nosso desejo é que assim seja.

O Rei da Paz vem para todos. Povos pequenos e povos grandes. Se procuramos a paz, os pequenos não devem ter pena dos grandes. Se não, é natural que tenham medo. Os augurios do Papa são pronunciados só em 65 línguas, mas quereriam ser pronunciados em todas as milhares de linguas do mundo, para que sejamos uma única família humana e tenhamos um só Pai.