2012-12-27 13:33:38

Natal longe de casa


Tóquio (RV) - Envio uma saudação fraterna do Japão a todos ouvintes do Programa Brasileiro.

“Junto aos canais da Babilônia nos sentamos e choramos, com saudades de Sião. Nos salgueiros de suas margens penduramos nossas harpas. Lá os que nos exilaram pediam canções... Como cantar um canto a Javé em terra estrangeira?”(Sl. 137,1-2,4)

Os espetaculares adornos luminosos de Natal, embora com menos exuberância, devido à crise econômica e aos problemas causados pelos desastres naturais, no Japão, mesmo não sendo um país de cultura cristã, aparecem em todos os lugares. Se não fosse isso, a maioria dos estrangeiros não teríamos a impressão de que a humanidade está para celebrar a vinda de Cristo, como a festa que une a família e enseja a oportunidade para a confraternização.

Aliás, o dia 25 de dezembro não é feriado, em diversos países da Ásia. As indústrias, repartições públicas e comércio funcionam, normalmente, como qualquer outro dia. A possibilidade de ir à Igreja é quase nula. O belo costume da ceia em família, à noite na casa dos pais de um dos cônjuges e, no dia de Natal, na do outro, é uma simples recordação, considerando o fato que poucos imigrantes estão aqui com seus pais e avós dos filhos.

Ainda existe o recurso da internet e telefone para as saudações natalinas às pessoas distantes. Contudo, aqui também, a diferença de fuso horário, 12 horas, prejudica significativamente. Numa parte do mundo é dia e na outra é noite. Nem tudo está perdido. Nem é o momento para sentar, pendurar as chuteiras. Em terra estranha podemos reagir de forma positiva. A criatividade e o amadurecimento podem ser meios para que o imigrante descubra novas formas de celebrar as festas natalinas e, mais ainda, entender seu verdadeiro significado.

Festas, viagens, visitas e outras coisas têm um começo e um final. Ao término das mesmas é pouco o que fica, no tesouro íntimo das pessoas, por serem atividades que provocam mais euforia do que felicidade. Percebe-se que a euforia é uma ilusão momentânea da felicidade enquanto esta se vai acumulando na pessoa, através de uma busca incessante. Pode-se descobrir que Natal é bem mais um estado de espírito do que a celebração de um dia que passa.

O vazio afetivo, a ausência de pessoas queridas pode ser também o caminho para descobrir que o amor é maior do que as distâncias físicas, que é eterno como Deus e não depende do tempo. As pessoas crescem progressivamente em amor, alcançando graus sempre mais elevados. Quanto ao amor e à felicidade, não existem limites para serem alcançados. São infinitos como Deus é infinito. Não podemos pretender que o amor e a felicidade estejam na meta final de uma corrida e que só vamos possuí-los ao chegar lá. São estrelas cuja luz podemos seguir desfrutando, a cada passo da nossa caminhada, quer dizer, amando as pessoas que caminham conosco, as obras que fazemos e o trabalho que executamos. Não são troféus para serem recebidos no pódio, mas o estado de espírito da pessoa que vamos entesourando em nosso ser. Assim, fazemos os votos de Natal, na celebração do nascimento de Cristo, na certeza de que sejam renovados e vividos todos os dias do ano.

Missionário Pe. Olmes Milani cs
Do Japão para a Rádio Vaticano







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