Na Guatemala, indenizados mais combatentes que vítimas da guerra civil
Cidade da Guatemala (RV) - Mais de 52.000 ex-combatentes das PAC, as temidas
Patrulhas de autodefesa civil, ativas na Guatemala durante o longo conflito interno
(1960-1996), foram indenizadas até este ano pelo programa “Matas e água pela concórdia”,
em contraste com apenas 1.478 civis guatemaltecos, segundo revela Programa Nacional
de Indenizações” A notícia ocupa a primeira página da edição online do jornal “Prensa
Libre”, recordando que as somas para os civis variam, de acordo com as violências
sofridas durante o conflito. Como exemplo, a perda de um componente da família dá
o equivalente a 2.300 euros. Para duas ou mais vítimas de homicídio 4.200 e por abusos
sexuais ou desaparecimentos forçados 1.900 euros. Nos últimos cinco anos, no entanto,
o número de vítimas indenizadas caiu constantemente, de 9.800 em 2008 a 2.770 em 2012.
Para o Presidente da Comissão Nacional de Indenizações, isto se deve essencialmente
a cortes no orçamento realizados em 2012. Por outro lado, não houve cortes no
programa “Matas e água para a Concórdia”, graças às disposições aprovadas em 2005
durante o governo Óscar Berger. O diretor do programa, Efraín Oliva, defendeu as indenização
aos paramilitares sustentando que não se trata de um “ressarcimento gratuito, como
para as vítimas, mas corresponde a um trabalho, plantar árvores e proteger bosques”. O
diretor do Centro de Ação Legal para os Direitos Humanos (CALDH), Juan Francisco Soto,
protestou contra a prioridade confirmada pelo presidente Otto Pérez, - general da
reserva do exército -, aos ressarcimentos às PAC: “A diferença de tratamento reflete
a militarização que está em marcha no país. Não é possível tolerar esta diferença
entre vítimas e combatentes”, afirmou. (JE)