Egito: um país dividido vota referendum da nova Constituição
Cairo (RV) – Manifestações nas praças e orações nas principais mesquitas do
país caracterizaram a vigília do primeiro dia do referendum em que cerca de 50 milhões
de egípcios são chamados à votar sobre a nova e controversa Constituição, cujo texto
foi aprovado às pressas há duas semanas.
Segundo observa à Agência Misna o
sacerdote comboniano, padre Lorenzo, “o país vai às urnas em um clima de profunda
divisão”. Para a Irmandade Muçulmana a aprovação da nova Carta é a única escolha possível
para o bem do país. Já para a oposição reunida na Frente de Salvação Nacional, os
egípcios devem votar “não” ao novo texto. Como nos dias passados, também hoje os defensores
do “não” se reuniram na Praça Tahir enquanto que os apoiadores da aprovação do novo
texto se reuniram no bairro Madina al Nasr.
Os chefes das Igrejas Cristãs já
haviam anunciado ontem que não apoiam o boicote ao referendum. Eles recomendam aos
fiéis para ir às urnas e votar com liberdade, segundo a sua consciência. A decisão
de convidar os fiéis para participar do referendum foi confirmada à margem do encontro
da delegação das Igrejas Católicas egípcias com o Patriarca Copto-ortodoxo Tawadros
II realizado na quinta-feira. O bispo auxiliar de Alexandria dos coptas católicos,
Botros Fahim Awad Hanna, referiu à Agência Fides que o encontro era não-oficial e
que questões políticas não estavam na pauta. No entanto, o Patriarca Tawadros já havia
repetido que iria encorajar os fiéis a participar do referendum e a votar segundo
as suas consciências. No encontro não-oficial, onde questões políticas não estavam
na pauta, o novo Patriarca copta-ortodoxo confirmou sua atitude de prudência, indicando
que a Igreja Copta deve manter certa distância de questões estritamente políticas,
evitando assim interpretações equivocadas de práticas cristãs como práticas políticas.
(JE)